Já ir… se despedindo

(*) Gisele Leite

A pouco tempo da eleição presidencial, a disputa pela Presidência da República se bipolarizou. E, pior se o recurso magnânimo do lítio… A campanha eleitoral oficialmente não começou, mas já restou cristalizado que a terceira via não passa de mera elucubração das elites brasileiras.

Enfim, os refinados procuram alguém que saiba se comportar pelo menos civilizadamente, sem o gesto de pistola e que não lhes ameace constrangê-los no banquete de regalias.

O que se viu no Chile, ao final de 2021 e, ainda, na Colômbia, no mês passado, os vencidos reconheceram a vitória nas urnas e mesmo com a aprovação da PEC Kamikaze acredita-se que o diálogo e a vitória não passam de figuras de linguagem.

Enfim, os rituais da democracia foram respeitados até agora na América Latina, mas, o atual Presidente da República certamente não os obedecerá. Afinal, seu ídolo inspirador é Donald Trump. É uma pena, não termos um Capitólio para ele tentar uma invasão.

Lá, nos EUA as instituições reagiram regiamente à insanidade cometida por Trump. Mas, com certeza, assistiremos o respeito ou não ao compromisso dos militares com a democracia. Em verdade, as forças armadas brasileiras jamais negaram os horrores do regime instaurado no Dia da Mentira em 1964 e, ficam confortáveis em brindar a cada 31 de março…

As atitudes e declarações do atual Ministro da Defesa não deixam pairar dúvidas sobre a efetiva participação militar no esforço de descredenciar o Tribunal Superior Eleitoral.

Durante a “Marcha para Jesus”, ouvimos brados eloquentes em prol de um possível golpe de Estado. Aliás, cumpre observar a sintaxe comprometida dos discursos presidenciais que oscilam entre passagens enigmáticas, incompreensíveis e “non sense”.

Saltitante de culto em culto, o atual Presidente da República tenta angariar simpatias e votos, de qualquer maneira o impacto futuro das eleições presidenciais preocupa as elites e o povo em geral, pois afinal o retrocesso de um golpe de Estado trará muito maiores prejuízos ao combalido país que ainda permanece em desenvolvimento. Talvez fosse melhor já ir se desapegando do poder… e de suas arbitrariedades habituais e escorregar silenciosamente pelo ralo do esquecimento.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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