Se a morte de Celso Daniel foi crime comum, assassinato de petista em Foz do Iguaçu é como tal

 
A investigação sobre a morte do petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), durante festa em que comemorava aniversário 50 anos, ganha novos contornos a partir de informações sobre a instalação de câmeras de segurança que permitiram a transmissão ao vivo de imagens do evento. Esse detalhe teria motivado o assassino, o bolsonarista Jorge Guaranho, a ir até o local e provocar e disparar contra a vítima. NA segunda parte da matéria tratamos dos novos detalhes.

Em que pese a manifestação inicial do PT para que o assassinato de Marcelo Arruda fosse enquadrado como crime político, a verdade dos fatos não pode ser abandonada e a lógica jurídica deve prevalecer em qualquer circunstância.

Há uma grande diferença entre crime político e crime com motivação política. Por maior que seja o “bamboleio” interpretativo dos fatos, as duas situações não se confundem. Guaranho agiu motivado pela cultura de ódio disseminada pelo presidente Jair Bolsonaro desde a campanha de 2018.

O PT não pode reclamar do não enquadramento do episódio como crime político, pois o partido defendeu de forma insistente que o assassinato do petista Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, em janeiro de 2002, foi um crime comum.

Responsável pela divulgação exclusiva das gravações telefônicas do caso, o UCHO.INFO sempre afirmou que a morte de Celso Daniel foi um crime comum com motivação política. Na verdade, o ex-prefeito foi morto à sombra de desentendimentos sobre a destinação do dinheiro da propina arrecada junto a empresários de ônibus da cidade do ABC paulista.

 
De igual modo, Jair Bolsonaro insistiu, como insiste até os dias atuais, que o ataque a faca de que foi alvo de 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG), foi um crime político encomendado por partidos de esquerda, mais precisamente o PSOL.

Duas investigações da Polícia Federal concluíram que Adélio Bispo, o autor da faca, planejou e cometeu o crime de forma isolada, ou seja, sem o envolvimento direto ou indireto de terceiros. Justiça, por sua vez, considerou Adélio inimputável por causa de distúrbios psiquiátricos. O fato de ele ter sido filiado ao PSOL não significa que o partido esteve por trás do crime, pelo contrário.

O crime em Foz do Iguaçu

O Ministério Público e a Polícia Civil do Paraná investigam eventual relação entre um suicídio e o assassinato do petista Marcelo Arruda. Funcionário da binacional Itaipu, Claudinei Coco Esquarcini, 44 anos, se jogou no domingo (17) de um viaduto em Medianeira, município a 50 km de Foz do Iguaçu.

Diretor da associação onde ocorreu a festa de aniversário de Arruda, ele é apontado como responsável pela instalação e gerenciamento do sistema de câmeras de vigilância no local do crime. O celular de Esquarcini foi apreendido pela Polícia Civil paranaense e será encaminhado ao Instituto de Criminalística, informou documento encaminhado pelo MP à Justiça estadual.

Jorge Guaranho teve acesso às imagens da festa de Arruda durante churrasco com amigos, de acordo com informações da Polícia Civil. Integrantes da associação que participavam do churrasco mostraram as imagens a Guaranho nos respectivos telefones celulares, acessando o sistema de câmeras. Em seguida, ele foi ao local para “provocar” os participantes do aniversário do petista, segundo as investigações.


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