Como temos afirmado nas últimas semanas, a situação do presidente Jair Bolsonaro na seara do processo eleitoral vem piorando de maneira perigosa. À sombra de um discurso golpista, o presidente tenta convencer a opinião pública sobre a não confiabilidade das urnas eletrônicas utilizadas no processo eleitoral.
A decisão de convocar embaixadores para uma reunião no Palácio da Alvorada, quando foram expostos dados mentirosos sobre as eleições e o sistema de votação, todos já desmentidos com base em provas incontestáveis, mostrou o grau de desespero que acomete Bolsonaro diante da possibilidade de derrota.
O evento realizado na residência oficial da Presidência teve repercussão negativa no cenário interacional, com diversos veículos de comunicação estrangeiros noticiando não apenas o espetáculo de mitomania protagonizado por Bolsonaro, mas seus movimentos na direção de eventual golpe, assunto para o qual alertamos desde a campanha de 2018.
Na edição de terça-feira (19), publicamos matéria afirmando que militares, integrantes da Polícia Federal e parlamentares da base de apoio ao governo começam a abandonar Bolsonaro. Isso porque na política não há espaço para o chamado “abraço de afogados”.
Convidados para o encontro com representantes diplomáticos de diversos países, os comandantes militares não compareceram ao evento, o que deixou o presidente da República e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, em situação de constrangimento explícito.
Na terça-feira, delegados, agentes e peritos da PF divulgaram nota afirmando não existir qualquer indício de fraude envolvendo as urnas eletrônicas, ou seja, quem investigou as denúncias de violação do sistema eleitoral atesta o oposto do que prega Bolsonaro.
Nesta quarta-feira (20), militares da ativa e do Alto Comando do Exército contataram ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para informar que não endossam as tentativas de desacreditar as urnas eletrônicas. Em suma, o discurso golpista de Bolsonaro está circunscrito ao núcleo palaciano, onde atuam generais da reserva que flertam com o retrocesso, e ao gabinete do ministro da Defesa.
Para piorar o cenário, servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgaram nota pública em que expressam “confiança na lisura do processo eleitoral brasileiro” e ressaltam que não houve qualquer registro de fraude nas urnas eletrônicas desde que começaram a ser utilizadas, em 1996.
“A criptografia de Estado e os sistemas de assinatura digital desenvolvidos e aperfeiçoados por nossos servidores fazem parte do ecossistema complexo de barreiras que tem resistido com sucesso às diversas tentativas de ataques executadas durante testes públicos de segurança da plataforma, como reconhece publicamente o Tribunal Superior Eleitoral”, afirmam os servidores da Abin.
Caso o presidente Jair Bolsonaro queira avançar com seu projeto de reeleição, o melhor a fazer é mudar o discurso e focar no que de fato interessa. Desacreditar o sistema eleitoral, ameaçar a democracia e atacar os ministros do STF e do TSE favorece o ex-presidente Lula, que continua liderando as pesquisas de opinião.
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