Os fatos e os números

(*) Carlos Brickmann

Não se preocupem com algumas variações nas pesquisas: um pouco mais, um pouco menos, não têm tido mudanças importantes desde que Lula levou vantagem sobre Bolsonaro. A mudança importante é só uma, indicada por um só instituto, o DataFolha, que indica a possibilidade real de Lula vencer no primeiro turno. Os números podem variar um pouco, mas a importância é que, com a possibilidade de vitória no primeiro turno, candidatos nanicos se sintam inclinados a apoiar Lula. Um ponto percentual, dois pontos, isso é suficiente para que uma votação que chegue perto dos 50% dos votos válidos se transforme num número que dê a vitória direta ao candidato favorito.

Os números do DataFolha indicam que, mesmo com a imprecisão prevista em dois pontos percentuais, Lula vence no primeiro turno. Certeza? Aí não se sabe; mas, com o apoio de candidatos como Janone e Luciano Bivar, cada um com sua caixinha de votos, a vitória no primeiro turno fica mais próxima.

Há institutos que calculam números quase iguais, eleição empatada entre Lula e Bolsonaro. Pode ser? Pode, tudo pode acontecer. Mas este colunista se lembra de uma campanha em que, de repente, aparece uma pesquisa no comitê em que o candidato colocado em quarto lugar aparece em primeiro. A pesquisa era de um jornal pequeno, feita numa só cidade do Interior. Nem os mais ferrenhos seguidores do candidato acreditaram nela. Ainda bem: a pesquisa errada serve apenas para orientar mal uma campanha.

Novos aliados

Luciano Bivar com Lula? Por que não? As chances de Bivar de disputar a Presidência são minúsculas. E para ele é bom ter um cargo eletivo, onde possa tomar conta do partido e de seus cofres. Ciro é mais difícil, tem mais votos, mas é mais decisivo também. E andou brigando com os irmãos. Diz que se perder essa eleição não concorre mais. Essa abriga talvez facilite sua caminhada para outra chapa. Não seria a primeira vez: logo depois de Lula ser eleito, em 2003, deixou até a barba crescer para ficar mais palatável. E foi ministro de Lula. Por que não? E que é que Lula poderia oferecer-lhe em troca de seus nove pontos percentuais?

O risco elétrico

Nada é impossível. Quando a indústria de automóveis optou pela gasolina, não se sabia se haveria petróleo suficiente no mundo para gerar todo o combustível necessário. Até hoje, mais de cem anos depois, o petróleo é abundante. Pode ser que os problemas hoje encontrados pelo carro elétrico acabem sumindo no caminho. Mas, agora, há alguns problemas sérios:

1 – Quando acaba a bateria, substituí-la pode custar mais caro que o carro.

2 – Qual o destino das baterias descartadas? Hoje, é o lixo. Lítio é muito caro para ser reciclado. É lixo, sim, e lixo bem poluente.

3- Segundo Omar Kardoudi, do portal El Continental, se a produção de carros elétricos continuar crescendo como hoje, por volta de 2040 não haverá mais lítio. Claro, pode eventualmente ser substituído, mas ainda não foi.

Bom artista muito gente

Há poucos dias, um programa a que deu prazer de assistir: meu velho amigo Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, sua filha Mônica, que inspirou a personagem, e a jovem atriz que fará a Mônica no cinema, todos entrevistados por Pedro Bial. Valeu a pena; Maurício, 90 anos, é uma simpatia, que deixa todos à vontade. A vida dele é um sucesso: começou como repórter de Polícia, e lá no plantão fazia caricaturas de todo mundo. Voltou à Redação e começou a vida de desenhista. Fazia o cachorro Bidu, o rinoceronte Horácio.

Até eu virei personagem, um que foi sem nunca ter sido. Meu personagem, o Garotão, intervinha nas historinhas mas jamais aparecia, por ser muito grande. Mais tarde, buscou novos horizontes, em outras editoras – a Abril, por exemplo. Em todo o tempo em que convivemos de perto, nunca tive motivo de queixa; nem nunca ouvi ninguém criticá-lo.

No programa do Bial, continua em plena forma. Ele é bom demais.

Uma história

Um dia, Maurício lançou uma revista com uma novidade: Mônica apareceu verde. Igual à de sempre. Gorducha, baixinha, dentuça, falando normalmente – mas verde. Seus amigos a rejeitaram: Mônica era ótima, mas com sua cor habitual. Esta revista recebeu da ONU um prêmio por mostrar claramente como funcionava o racismo.

Vivendo e aprendendo a escrever

A carta aos brasileiros e brasileiras em defesa da democracia é ótima. Já a assinei. Só que é preciso caprichar mais, especialmente no título. Já que a intenção é mostrar que se dedica também às brasileiras, por que não “aos brasileiros, brasileiras e brasileirinhos”? Os jovens não merecem atenção? E os migrantes ainda não naturalizados? Não seria mais simples utilizar a maneira brasileira de escrever, sem ficar inventando moda politicamente correta para dificultar a leitura?

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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