A PEC Kamikaze, também conhecida como PEC da Trapaça, revelou o nível do desespero que se instalou na campanha do presidente Jair Bolsonaro à reeleição. Ciente de que sair da segunda posição nas pesquisas eleitorais e superar Lula, seu principal adversário na corrida presidencial, Bolsonaro está disposto a tudo.
Diante da Carta pela Democracia, que já tem mais de 660 mil assinaturas, Bolsonaro reagiu mal à iniciativa que, com o apoio de notáveis juristas, teve início na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Incialmente, o presidente classificou o documento de “cartinha”, demonstrando ter sentido os efeitos colaterais do movimento contra o autoritarismo. Naquele momento, a Carta pela Democracia tinha aproximadamente 100 mil assinaturas.
Com programação de leitura a cargo do ex-ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), para 11 de agosto, na faculdade do Largo São Francisco, na região central da capital paulista, o documento continua tirando o sono de Bolsonaro e seus sequazes.
Nesta terça-feira (2), em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, o chefe do Executivo federal atacou signatários do documento, classificando-os como “cara de pau” e “sem caráter”. “Pessoal que assina esse manifesto (por democracia) é cara de pau, sem caráter. Não vou falar outro adjetivo aqui porque eu sou uma pessoa bastante educada”, disse Bolsonaro.
O presidente da República já deu inúmeras e inequívocas provas de que está longe de ser “uma pessoa bastante educada”. Não cabe a este site elencar as ocasiões em que Bolsonaro externou sua péssima educação. Aliás, na campanha de 2018 afirmamos diversas vezes que ele era desprovido de estofo para cargo de tamanha relevância como o de presidente da República, que exige doses mínimas de postura e bons modos.
Em relação ao fato de que os signatários da Carta pela Democracia são “sem caráter”, Bolsonaro não é a pessoa mais adequada para tratar do assunto. Afinal, quem “abocanha” parte dos salários dos servidores de gabinete, emprega “funcionários fantasmas”, age para acobertar o escândalo das criminosas “rachadinhas” e é conivente com casos de corrupção não deve fazer comentários dessa natureza.
Sobre a iniciativa da sociedade civil de se posicionar contra os arroubos golpistas do presidente e defender a democracia e o Estado de Direito, trata-se de livre manifestação do pensamento, como defende o próprio Bolsonaro para justificar os crimes cometidos por sua turba de apoiadores.
Ademais, para quem não cansa de repetir que em nome da democracia “joga dentro das quatro linhas da Constituição”, a reação de Bolsonaro diante da Carta pela Democracia é um claro sinal de que a iniciativa causou estragos no núcleo de sua campanha pela reeleição. Como dizem os mais experientes, “calado é um poeta”.
Na Psicologia, a projeção é considerada um mecanismo de defesa no qual os atributos indesejados de determinada pessoa são transferidos a terceiros. Talvez nem Sigmund Freud arriscaria explicar o comportamento torpe de Bolsonaro.
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