Olaf Scholz culpa a Rússia por redução no envio de gás natural por gasoduto

 
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, rejeitou nesta quarta-feira (3) as alegações de Moscou envolvendo uma turbina que auxilia no funcionamento do gasoduto Nord Stream 1, que liga a Rússia diretamente à Alemanha pelo Mar Báltico.

Nos últimos dias, a companhia russa Gazprom reduziu o fluxo do gasoduto para 20% de sua capacidade, alegando problemas técnicos causados pela ausência de uma turbina retirada para manutenção e que atualmente se encontra em instalação da empresa Siemens, em Mülheim an der Ruhr, na Alemanha.

No entanto, em visita à fábrica nesta quarta-feira, Scholz disse que os russos estão agindo para não receber a turbina de volta.

“Não há nenhuma razão para que a entrega não aconteça”, afirmou o chanceler. “É óbvio que nada, nada impede o transporte desta turbina e sua instalação na Rússia. Ela pode ser transportada e usada a qualquer momento. Alguém só tem que dizer ‘eu quero’, e então estará lá muito rapidamente. Todos os papéis necessários estão disponíveis”, completou.

“Se a Rússia não pegar essa turbina agora, isso vai mostrar ao mundo inteiro que não a usar é apenas uma desculpa para reduzir o fornecimento de gás para a Alemanha.”

Christian Bruch, diretor da Siemens Energy, que acompanhou Scholz durante a visita, disse que sua empresa está em contato regular com a Gazprom sobre a questão da turbina e que os alemães estão ansiosos para devolvê-la para que outras turbinas fabricadas pela Siemens em operação no gasoduto também possam ser levadas para manutenção.

 
Schröder e o Nord Stream 2

Oficialmente, a Gazprom e os russos alegam que há problemas burocráticos e de documentação para o envio da turbina. Contudo, analistas afirmam se tratar de um estratagema usado por Moscou para justificar a redução no envio de gás para a Alemanha, em retaliação às sanções internacionais impostas à Rússia após a invasão à Ucrânia.

Nos últimos dias, os russos também sinalizaram que pretendem usar a redução do fluxo no Nord Stream 1 para pressionar pela abertura do gasoduto gêmeo Nord Stream 2, que corre paralelamente. Ele nunca entrou em operação e teve sua certificação suspensa pela Alemanha em fevereiro, às vésperas da invasão à Ucrânia.

O recado de Vladimir Putin sobre o Nord Stream 2 foi passado por ninguém menos que o ex-chanceler federal alemão Gerhard Schröder, amigo do presidente russo e que ocupou cargo bem remunerado em comitê de acionistas do Nord Stream e em diversas estatais russas imediatamente após deixar o governo.

Foi justamente sob o governo Schröder que o Nord Stream 1 foi planejado. O então chanceler chegou inclusive a assinar uma garantia bilionária para facilitar o projeto, que no longo prazo aumentou a dependência alemã de gás russo. Schröder viajou mais uma vez para Moscou na semana passada para se encontrar com Putin.

“A solução mais simples seria colocar em operação o gasoduto Nord Stream 2. Ele está pronto. Quando as coisas ficam realmente apertadas, há esse gasoduto, e com ambos os gasodutos Nord Stream, não haveria problema de abastecimento para a indústria alemã e para os lares alemães”, disse Schröder após a viagem, em entrevista à revista alemã “Stern”.

“Se você não quer usar o Nord Stream 2, você tem que arcar com as consequências. E elas serão enormes também na Alemanha. E então as pessoas começarão a se perguntar na Alemanha: ‘Por que estamos sem o gás do gasoduto Nord Stream 2?’”, completou o ex-chanceler.

Em sua visita à fábrica da Siemens nesta quarta-feira, Scholz evitou comentar sobre as declarações de Schröder, seu companheiro de partido. Devido a suas declarações pró-Rússia e cargos nas estatais ligadas ao Kremlin, Schröder passou a ser visto como uma relíquia embaraçosa entre os membros do Partido Social-Democrata (SPD), e um processo de expulsão foi aberto contra o ex-chanceler. (Com agências internacionais)


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