(*) Gisele Leite
O possível “Capitólio tupiniquim” está agendado para o próximo Sete de Setembro. Por tudo que se pode ver e observar até o presente momento é bastante provável a derrota do atual Presidente da República, o que nos impede de contabilizar sensíveis danos à democracia brasileira causados por uma campanha eleitoral imersa em fake news, mentiras e falsidades a respeito da confiabilidade da urna eletrônica.
Há danos de curso prazo como as possíveis ações violentas do grupo bolsanariano e, há os danos de longo prazo que deixaram cicatrizes na democracia, ainda que a tão temidas violências e truculências não ocorram.
Evidentemente., que se houver o fim da democracia, numa formação de regime totalitário e autoritário haverá uma finalidade paradoxalmente contraditória, que é a promoção definitiva da política autocrata, pois ao se buscar a vitória eleitoral, simultaneamente, visa-se também minar as condições de que a democracia necessita para continuar existindo e resistindo mesmo após as eleições, a partir de 2023.
O atual Presidente da República tem consciência do número grande de apoiadores dispostos a tudo para apoiá-lo em suas postulações mais exóticas, assim, há um pacto nefasto de lealdade incondicional. Bem similar como fez Trump nos EUA.
O curioso que o cerne de suas alegações é diametralmente oposto às de Trump, pois aquele reclama a volta do voto impresso, enquanto Trump denunciava procedimentos fraudulentos justamente referente ao voto em papel, bem como pela votação pelos correios e o roubo de cédulas. Enfim, pouco importa a confiabilidade ou não do sistema eleitoral, mas agitar o debate sobre a integridade das urnas é bem útil como marco polarizador.
A principal diferença entre Trump e o atual do Presidente da República não é apenas a diferente nacionalidade, é que o descrédito eleitoral brasileiro tem ainda à disposição o poder das Forças Armadas.
No ápice da hierarquia militar tem se situado seu protagonismo durante a conspiração contra as urnas eletrônicas dando azo às notícias que só aumentam o pânico eleitoral.
Enfim, de memes até notícias falsas fez com que o TSE – Tribunal Superior Eleitoral diante de qualquer denúncia de desinformação ou manipulação determinou que seja apurada. Infelizmente, os debates eleitorais não existirão em terreno limpo e saudável e, sim, sobre um mar de desconfiança de grande parte dos adeptos do bolsonarismo.
A propósito, no próximo dia 22, novo programa humorístico estreia, com a ida de um dos candidatos à Presidência, a um importante Jornal, o que promete tornar ainda mais bizarro esse momento nacional. Nem tudo precisa ser lágrima, pode ser, também uma gargalhada. Apesar de milhões de brasileiros estarem na faixa da miserabilidade, desempregados e passando fome. Enfim, na política o prato é frio, ao passo que a fome é velha.
(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.
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