Morreu no domingo (14), aos 62 anos, de complicações causadas pela Covid-19, o autor do famoso grafite que retrata um beijo entre o então líder soviético Leonid Brejnev e o último chefe de Estado da República Democrática Alemã (RDA) Erich Honecker.
Dmitri Vrubel nasceu em Moscou em 1960 e se mudou para Berlim durante a dissolução da Alemanha Oriental, em 1990.
Em uma parte remanescente do Muro de Berlim, conhecida como “East Side Gallery”, no lado oriental do muro já aberto, ele pintou seu grafite mais famoso, na primavera do mesmo ano, tornando o desenho um dos pontos mais visitados e fotografados da capital alemã.
O grafite mostra Brejnev e Honecker se beijando na boca, com uma legenda escrita em alemão e russo que diz: “Meu Deus, ajude-me a sobreviver a esse amor mortal”.
O mural original, também conhecido como “beijo fraternal”, se deteriorou com a passagem do tempo e acabou sendo removido em 2009 como parte da restauração dessa seção do muro. Posteriormente, o artista pintou uma versão mais aprimorada, a pedido das autoridades locais. A imagem foi inspirada em uma fotografia de Régis Bossu que mostra os dois líderes comunistas na comemoração dos 30 anos da RDA, em 1979.
Pela nova versão da obra, Vrubel recebeu 3 mil euros e, embora a imagem tenha sido usada em inúmeras lembranças vendidas em Berlim, como canecas, cartões postais e pratos, o artista costumava afirmar que a taxa de reprodução foi o único valor que recebeu pela lendária imagem no mural.
“Beijo fraterno”
Por décadas, os líderes da antiga União Soviética costumavam se cumprimentar com o chamado “beijo fraterno”. O ato não tinha nenhuma conotação romântica ou sexual e buscava transmitir para o mundo a mensagem de que as lideranças permaneceriam juntas, como irmãos.
Em 2001, Vrubel e sua esposa, a artista Victoria Timofeyeva, criaram um calendário com retratos do presidente russo, Vladimir Putin, intitulado “Os 12 estados de espírito de Putin”, que inesperadamente se tornou um best-seller na Rússia.
Antes de se mudar para Alemanha, Vrubel organizou exposições de arte ilegais em seu apartamento na Rússia e, em 1987, tornou-se membro do grupo de arte progressista “Club d’Avant-Garde” (KLAVA).
Descendente do pioneiro modernista Mikhail Vrubel, nos últimos anos o artista atuou nas fileiras do alemão Partido Pirata. (Com Deutsche Welle e agências internacionais)
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