Em breve, Bolsonaro tentará tirar proveito político-eleitoral do atentado contra Cristina Kirchner

 
Flertando com mais uma temporada no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro usa o nome de Deus em vão e tenta vender a imagem de homem de fé, sugerindo inclusive que sua chegada ao poder é uma missão divina, mas não consegue ter compaixão pelo próximo, como ficou comprovado durante a pandemia de Covid-19, que somente no Brasil matou mais de 684 mil pessoas.

Oportunista contumaz e sempre abusando da vitimização, Bolsonaro demorou mais de doze horas para se manifesta sobre o fracassado atentado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, alvo de um brasileiro descontrolado, cuja arma de fogo por sorte não disparou.

Muito tempo depois que vários líderes latino-americanos se manifestaram publicamente e prestaram solidariedade a Cristina Kirchner, o presidente brasileiro se limitou a comentar o episódio afirmando que “lamenta” o ocorrido e enviou uma “notinha” à política argentina.

O caráter de Bolsonaro avança com tanta liberdade no terreno da torpeza, que não apenas causa engulhos, mas envergonha os brasileiros que no exterior têm enfrentado vexames por sua causa.

Ao se manifestar sobre a quase tragédia que colocou em risco a vida da vice-presidente da Argentina, Bolsonaro aproveitou para resgatar o ataque a faca que sofreu em 6 de setembro de 2018, durante ato de campanha na cidade mineira de Juiz de Fora.

 
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“Já mandei uma notinha. Eu lamento. Agora: quando eu tomei a facada, teve gente que vibrou por aí. Lamento. Já teve gente que tentou colocar na minha conta já esse problema. O agressor ali, ainda bem que não sabia mexer com arma. Se soubesse, teria sucesso no intento”, disse Bolsonaro.

“Apesar de não ter nenhuma simpatia por ela [Cristina], não desejo isso para ela. Espero que a apuração seja feita para ver se saiu da cabeça dele [do atirador] ou se alguém, porventura, tenha contratado ele para fazer aquilo”, completou.

É importante ressaltar que Bolsonaro tem se referido à Argentina para tentar convencer o eleitorado a lhe confiar o voto mais uma vez, sugerindo em diversas ocasiões que a crise econômica vivida pelos argentinos tem alguma relação com a esquerda.

No tocante ao ataque à faca de que foi alvo, Bolsonaro tenta até hoje tirar proveito político do crime cometido por Adélio Bispo, que por ser portador de transtornos mentais foi considerado inimputável pela Justiça.

Os cidadãos de bom-senso não devem se assustar caso surja, nos próximos dias, uma notícia falsa fabricada pelo bolsonarismo afirmando que o atentado malsucedido contra Cristina Kirchner foi encomendado por partidos de esquerda. Afinal, Bolsonaro já antecipou a trapaça ao afirmar que é preciso apurar o episódio para descobrir possível mandante.

Preso pela Polícia Federal argentina, o criminoso Fernando Andrés Sabag Montiel, brasileiro que vive no país vizinho desde 1993, parece ser um adepto da direita radical, como mostram as tatuagens que exibe no corpo, entre as quais uma relacionada ao nazismo. Além disso, Montiel, segundo a política da Argentina, segue diversos perfis ligados a grupos radicais e de ódio, assim como páginas de “ordens maçônicas”, de “comunismo satânico” e de ciências ocultas.


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