Em matéria publicada na edição de 23 de agosto, o UCHO.INFO afirmou que o ex-juiz Sérgio Moro é um “Don Quixote de camelô”. Destacamos também ser incompreensível o fato de parcela dos eleitores paranaenses declarar voto em Moro, que é candidato ao Senado Federal.
A incompreensão está na incoerência de apostar em alguém que desrespeita a legislação vigente, mas ousa concorrer a cargo legislativo. Como se sabe, o Congresso Nacional é responsável pela elaboração das leis em âmbito federal, algumas das quais Moro ignora solenemente.
Além disso, Sérgio Moro, após ter atuado nas ações penais decorrentes da Operação Lava-Jato e condenado com base em indícios, foi trabalhar na consultoria internacional Alvarez & Marsal, que pilota o processo de recuperação judicial do Grupo Odebrecht. Trata-se de um escândalo sem precedentes envolvendo um ex-integrante do Judiciário, mas a opinião pública prefere não se importar com o óbvio.
Para comprovar que Moro não se importa com as leis, no último sábado (3) a Justiça Eleitoral cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do ex-juiz para recolher materiais de campanha. A decisão da atende a pedido da federação “Brasil da Esperança”, formada pelo PT/PCDOB/PV, que destacou no documento a inserção, por Moro, do nome do suplente de senador em tamanho e proporção inferior ao exigido pela lei eleitoral.
A sentença, da juíza auxiliar Melissa de Azevedo Olivas, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, determinou, além da busca e apreensão, a regularização do material sob pena de multa diária de R$ 5.000.
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O advogado de Moro, Gustavo Guedes, disse que os nomes dos suplentes estão de acordo com a lei eleitoral e que recorrerá da decisão. A busca se deu na casa de Moro porque é o endereço indicado no registro da candidatura na Justiça Eleitoral. “Repudia-se a iniciativa agressiva e o sensacionalismo da diligência requerida pelo PT”, afirmou.
No Twitter, o ex-juiz da Lava-Jato disse que a operação de busca e apreensão foi “abusiva”. “O crime? Imprimir santinhos com letras dos nomes dos suplentes supostamente menores do que o devido”, escreveu.
“Nada comparável aos bilhões de reais roubados durante os governos do PT e do Lula. Não me intimidarão, mas repudio a tentativa grotesca de me difamar e de intimidar minha família”, afirmou o candidato ao Senado pelo União Brasil.
Sobre a aludida decisão “abusiva”, Moro precisa concordar que não se compara à condução coercitiva do ex-presidente Lula, sem que ao menos o petista tivesse sido intimado duas vezes para prestar depoimento e se negado a comparecer em juízo, como determina a lei. Em suma, Sérgio Moro está a experimentar um pouco do próprio veneno, mas reclama sem direito.
Na opinião do UCHO.INFO, Sérgio Moro sequer poderia ser candidato, pois na transferência do domicílio eleitoral para São Paulo, rejeitada pela Justiça Eleitoral, o ex-juiz ficou sem condições de concorrer a cargo eletivo. Afinal, a legislação eleitoral determina que o candidato deve ter pelo menos três meses de domicílio eleitoral no estado pelo qual pretende concorrer.
Considerando que o domicílio eleitoral no Paraná deixou de existir no momento da transferência para São Paulo, o retorno ao estado de origem, após rejeição da Justiça Eleitoral, deveria cumprir os três meses de carência.
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