Sabujo, ministro da Defesa vai à missa com Bolsonaro e lê trecho da Bíblia sobre exclusão de pederastas

 
Nada é mais repugnante e condenável do que sabujice, não importando o grau em que isso ocorra. A subserviência no desgoverno de Jair Bolsonaro é tão escancarada, que sentir vergonha pelo outro tornou-se comum. Ao mesmo tempo, esse cenário aponta na direção do golpe.

Ministro da Defesa, o general da reserva Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o mais novo sabujo da corte, foi à missa nesta terça-feira (6) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e leu trecho da Bíblia que ressalta que “pederastas” não terão lugar no reino de Deus.

“Não vos iludais: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem pederastas, nem ladrões, nem avarentos, nem beberrões, nem insolentes, nem salteadores terão parte no reino de Deus”, declarou o general-sabujo ao ler parte da primeira carta de São Paulo aos Coríntios.

Além de Bolsonaro e o ministro da Defesa, outras autoridades e integrantes do governo participaram da missa na paróquia de São Miguel Arcanjo, em Brasília. A primeira-dama Michelle Bolsonaro, o candidato a vice, general Braga Netto, também participaram do culto, além dos ministros Paulo Guedes (Economia), Carlos França (Relações Exteriores), Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União) e Marcelo Queiroga (Saúde). Rei das “rachadinhas”, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também compareceu.

Sempre pronto para explorar a fé em benefício de um projeto de reeleição que esfarela com o passar dos dias, Bolsonaro também leu trechos da Bíblia, como se não fosse um herege de primeira hora.

 
“Afastai com a força da Santa Cruz todos os poderes inimigos que ameaçam o povo brasileiro”, disse o presidente, antes de os fiéis aplaudirem e gritarem “mito”. “Afastai para longe de nós a peste do comunismo”, completou Bolsonaro, que não sabe mais o que fazer para melhorar os números das pesquisas eleitorais.

“Peço a Ele que o nosso povo não experimente as dores do comunismo e então rezo o Pai Nosso. E nesse Pai Nosso, eu peço a Ele mais do que sabedoria. Eu peço forças para resistir e coragem para decidir”, disse o presidente, que continua cultivando a intolerância, o discurso de ódio, a homofobia, a misoginia e o racismo.

Como sempre faz em seus discursos populistas e, ato contínuo, marcados pela mitomania, Bolsonaro concluiu: “Deus, pátria, família e liberdade”. Em suma, um governante que deu as costas à ciência durante a pandemia de Covid-19, doença que somente no Brasil deixou mais de 684 mil mortos, ousa invocar em vão o nome de Deus e falar em família. Bolsonaro não se dignou a ir a um só hospital para abraçar uma mãe ou um pai que perdeu o filho para o novo coronavírus.

Sobre a menção à pederastia feita pelo ministro Paulo Sérgio, o UCHO.INFO insiste em afirmar que o discurso homofóbico de Bolsonaro tem um motivo quase secreto, quiçá um “fantasma”. Nada que um bom e confortável divã de analista não seja capaz de revelar. A Psicologia considera a projeção um mecanismo de defesa no qual os atributos indesejados de determinada pessoa são transferidos a terceiros. A insistência com que Bolsonaro recorre a declarações homofóbicas e transfóbicas é no mínimo estranha.

Não por acaso, quando foi chamado de “noivinha do Aristides” pela passageira de um carro que trafegava pela Via Dutra, Bolsonaro ordenou à Polícia Rodoviária Federal que detivesse a mulher, que foi levada para depor na Polícia Federal, na cidade de Volta Redonda (RJ).


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