Bolsonaro, o “imbrochável”, precisa de um bom psicanalista e um chaveiro especialista em armário

(*) Ucho Haddad

Na campanha presidencial de 2018, afirmei, por diversas vezes, que Jair Bolsonaro era – como ainda é – desprovido de competência e estofo para ocupar a Presidência da República, cargo que exige postura e compreensão da responsabilidade de um chefe de Estado. Disse à época que a delinquência intelectual de Bolsonaro o impedia até mesmo de ser estafeta de casa de alterne.

Por razões conhecidas, como esperado, a turba bolsonarista se voltou contra mim, acusando-me de ser comunista e de contar com financiamento do investidor e filantropo húngaro-americano George Soros. Acusação torpe de quem sequer sabe a serventia da massa cinzenta. Sou amante do debate civilizado e da contraposição de ideias, desde que à sombra de colocações inteligíveis e argumentos lógicos.

Repetindo o posicionamento adotado durante os muitos ataques da esquerda, mantive a altivez e não me curvei diante das ameaças da manada bolsonarista. Fiz isso porque sabia que o tempo me daria razão, como de fato aconteceu.

Bolsonaro é um desqualificado que ora age como rufião da fé alheia, ora como macho alfa de camelô. Em vão invoca o nome de Deus aqui e acolá, como se fosse um enviado do Criador, a derradeira tábua de salvação da humanidade.

Quem negou a ciência durante a pandemia e disse que o Brasil “tem que deixar de ser um país de maricas” porque os brasileiros, com razão, temiam o poder de destruição da Covid-19, não tem moral para recorrer ao nome de Deus. Frente às mais de 684 mil mortes por Covid-19, não é errado concluir que o negacionismo criminoso de Bolsonaro é fruto de sua conexão com lúcifer. Mesmo assim, os cristãos evangélicos vão à loucura quando se deparam com o golpista de plantão.

A léguas de distância de ser um chefe de Estado, o atual inquilino do Palácio do Planalto sequestrou os símbolos nacionais, assim como fez com as comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil. Transformou uma festa que pertence a 215 milhões de brasileiros em um evento particular de campanha, onde o gado respondeu com obediência ao som do berrante do mandrião palaciano.

Um dos mais destacados sociólogos de todos os tempos e autor da célebre obra “O Ócio Criativo”, o italiano Domenico De Masi, em entrevista ao jornalista Jamil Chade, do UOL, disse que Bolsonaro é considerado no âmbito internacional como “medíocre” e com “tendências ditatoriais”. A declaração do sociólogo italiano não apenas confirma os alertas que fiz há quatro anos, mas mostra a extensão do vexame a que são submetidos os brasileiros de bem quando além das nossas fronteiras.

Não é de hoje que afirmo que Bolsonaro deveria procurar um profissional da psique e buscar um chaveiro especialista em abertura de armário. Isso porque o presidente insiste exaltar publicamente uma aludida virilidade, submetendo a constrangimento uma mulher que, com sua aquiescência, mostra não fazer jus ao papel de primeira-dama. Contudo, não devemos esquecer que primeira-dama tem por toda parte, se é que me entendem.

Não bastasse sua masculinidade frágil, o que suscita comentários de toda ordem, Bolsonaro desrespeitou uma festa cívica e a presença de autoridades nacionais e internacionais para, em Brasília, puxar o coro “imbrochável, imbrochável, imbrochável”, entoado pela súcia golpista. O que Bolsonaro tenta provar com as persistentes referências à sua virilidade? Talvez o confortável divã do analista mais próximo consiga decifrar o enigma.

O brasileiro não quer saber se o presidente da República é brocha ou não. O que importa de fato é comida no prato, educação de qualidade, saúde pública condizente, emprego e segurança. Depois que as Forças Armadas compraram milhares e milhares de comprimidos de Viagra e dezenas de próteses penianas, a eventual disfunção erétil de Bolsonaro é um mero e minúsculo detalhe.

O machismo fastidioso de Jair Bolsonaro, quiçá não seja de fachada, causa engulhos. Como se fosse pouco o vitupério protagonizado na capital dos brasileiros, o presidente avançou no campo do machismo ao sugerir a comparação entre as primeiras-damas. Somente homúnculos são capazes de tão desmedido absurdo, mas Bolsonaro agita a sua grege ao fazer tais declarações.

O presidente foi além no terreno da ignorância e recomendou aos solteiros que “procurem uma princesa”. Em vez de destilar sua avassaladora estupidez, algo que faz de forma recorrente, Bolsonaro deveria se preocupar em saber se há no seu entorno alguma “princesa”, termo ultrapassado e que não condiz com a realidade atual das mulheres.

Chama a atenção o fato de Jair Bolsonaro sempre ter um discurso homofóbico pronto para ser despejado sobre os incautos. Tenho ressaltado que Bolsonaro transfere a terceiros algo que no íntimo o incomoda. A Psicologia trata esse assunto como projeção.

Para finalizar, aproveitando que o sequestrado Bicentenário da Independência foi um festival de sugestões, o bobo da corte deveria procurar, com máxima urgência, um psicanalista dos bons e um chaveiro especializado em porta de armário. Não há outra conclusão a se chegar depois de tantos despautérios. Caia na vida, truão, e vá ser feliz!

(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, escritor, poeta, palestrante e fotógrafo por devoção.

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