Discursos de Bolsonaro e Paulo Guedes destoam dos alertas do Banco Central para o déficit fiscal

 
Com o governo de Jair Bolsonaro rumando para o seu final e a possibilidade de reeleição cada vez mais distante, a ordem no Palácio do Planalto é procurar culpados para justificar as muitas mazelas enfrentadas pelos brasileiros. Esse movimento embusteiro deve-se à crença dos palacianos em um milagre eleitoral.

Na campanha de 2018, o economista Paulo Guedes foi apresentado ao eleitorado nacional como “Posto Ipiranga”, em alusão ao mote da campanha publicitária da rede homônima de postos de combustíveis. Apenas os incautos acreditaram no discurso farsesco de Bolsonaro.

Sempre discursando em defesa do liberalismo econômico, Guedes fracassou na condução da economia do País, apresentou teorias e desculpas absurdas, exalou preconceito por toda parte e viu a “carta branca” dada pelo presidente da República ser tomada com o passar do tempo.

A mais nova e torpe justificativa de Paulo Guedes para o desastre econômico tem na mira o Banco Central. Em entrevista concedida na segunda-feira (1) à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, Guedes criticou o BC pelos alertas feitos pela instituição sobre a situação das contas públicas do País.

O ainda ministro da Economia disse que disse que o BC errou as projeções econômicas para o Brasil ao não perceber a mudança no eixo de crescimento com reformas e marcos legais aprovados pelo Congresso Nacional.

“O BC também errou projeções, mas com erro técnico, de pessoal mais sofisticado. O BC errou por não perceber que mudamos o eixo da economia. O BC errou ao falar o tempo todo em risco fiscal, desajuste fiscal, quando íamos para superávit. O BC estava preocupado com o fiscal e eu com o juro negativo”, disse.

 
Nos comunicados e atas das decisões sobre a taxa básica de juro, a Selic, o BC tem alertado de forma recorrente para a incerteza fiscal no País, com as sucessivas mudanças na regra do teto de gastos, que limita a variação das despesas do governo à oscilação da inflação. Esse cenário de incerteza afasta investidores, faz a cotação do dólar subir e, ato contínuo, eleva a inflação.

Apesar da expectativa da equipe econômica de que o governo feche o ano de 2022 com superávit, o Orçamento de 2023 enviado ao Congresso Nacional prevê déficit de R$ 63,7 bilhões.

A justificativa de Paulo Guedes se contrapõe ao discurso que o presidente Jair Bolsonaro fez, nesta terça-feira (20), na abertura da Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

Entre as muitas inverdades que vociferou, Bolsonaro deu destaque a um crescimento econômico sustentável e inclusivo, o que não é verdade. “Da mesma forma, no terreno da economia, o Brasil traz a autoridade de um país que, em nome de um crescimento sustentável e inclusivo, vem implementando reformas para a atração de investimentos e melhoria das condições de vida de sua população”, afirmou.

“Apesar da crise mundial, o Brasil chega ao final de 2022 com uma economia em plena recuperação. Temos emprego em alta e inflação em baixa. A economia voltou a crescer. A pobreza aumentou em todo o mundo sob o impacto da pandemia. No Brasil, ela já começou a cair de forma acentuada”, afirmou o presidente.


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