“Putin viola descaradamente a ordem internacional”, afirma Joe Biden ao discursar na ONU

 
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou nesta quarta-feira (21) a Rússia de violar “descaradamente” a ordem internacional ao invadir a Ucrânia, prometeu bilhões de dólares em ajuda à segurança alimentar global e disse apoiar a ampliação do Conselho de Segurança da ONU para países em desenvolvimento.

“A Rússia violou descaradamente os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas”, disse Biden aos participantes da Assembleia-Geral da ONU. “Se as nações podem perseguir suas ambições imperiais sem consequências, então colocamos em risco tudo o que esta instituição representa”, disse.

O discurso de Biden na ONU ocorreu apenas algumas horas depois que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a convocação imediata de até 300 mil reservistas para combaterem na guerra na Ucrânia – primeira medida do gênero desde a Segunda Guerra Mundial.

Biden também afirmou que as ameaças nucleares de Putin contra a Europa mostram “desrespeito imprudente” pelas responsabilidades de sua nação como signatária do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. “Vamos nos solidarizar contra a agressão da Rússia. Ponto final”, prometeu.

O americano pediu aos líderes mundiais que mostrem determinação “clara, firme e inabalável” contra a guerra. “Esta guerra é sobre a extinção do direito da Ucrânia como Estado…e como povo”, sublinhou.

 
Ajuda à segurança alimentar

Depois de condenar a Rússia, Biden concentrou grande parte de seu discurso nos interesses do mundo em desenvolvimento, onde o ressentimento cresceu em alguns setores devido aos gastos maciços do Ocidente em armas para a Ucrânia.

Biden anunciou US$ 2,9 bilhões para um fundo destinado a combater a insegurança alimentar global, que piorou sobremaneira desde a invasão da Ucrânia, país que é um grande exportador de grãos.

O presidente americano disse apoiar uma expansão do Conselho de Segurança, uma ideia cogitada por décadas, mas que contava com pouco entusiasmo dos EUA.

Biden disse que os Estados Unidos apoiam assentos permanentes para África e América Latina, adicionalmente a seu apoio à inclusão de Japão e Índia. Ele também prometeu que os Estados Unidos “se absterão do uso do veto, exceto em situações raras e extraordinárias, para garantir que o conselho permaneça confiável e eficaz”.

Nos últimos anos, a Rússia tem sido o usuário mais frequente de seu poder de veto. Estados Unidos, China, França e Reino Unido também têm poder de veto, um legado da dinâmica de poder no final da Segunda Guerra Mundial. A Rússia já zombou da atitude dos EUA no Conselho de Segurança, apontando como o ex-presidente George W. Bush o contornou para invadir o Iraque.

 
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China e Irã

Em meio ao temor provocado por crescente divisão global, Biden também procurou acalmar as tensões com a China, dias depois de prometer novamente o apoio militar dos EUA se Pequim invadir Taiwan.

“Deixe-me ser direto sobre a competição entre os Estados Unidos e a China”, disse Biden. “À medida que conseguimos mudar tendências geopolíticas, os Estados Unidos se comportarão como um líder razoável. Não buscamos conflito, não buscamos uma Guerra Fria.”

O governo Biden foi encorajado pelo reconhecimento de Putin das preocupações chinesas quando o líder russo se encontrou com o presidente Xi Jinping na semana passada.

Na quarta-feira, a China pediu um “cessar-fogo por meio do diálogo” na Ucrânia. Antes, Xi havia oferecido apoio moral à Rússia, mas autoridades dos EUA dizem que Pequim não aceitou pedidos de ajuda material.

Entre outros líderes que se discursaram nas Nações Unidas esteve o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, que viajou para Nova York no momento em que os protestos se espalhavam em seu país pela morte de uma mulher presa pela polícia moral.

Biden disse que os americanos “estão com as corajosas mulheres do Irã” após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que supostamente foi espancada até a morte depois de não usar o lenço na cabeça em conformidade com as diretrizes do Estado clerical.

Raisi acusou o Ocidente de “padrão duplo” ao mencionar assassinatos de mulheres indígenas no Canadá.

Quebrando a tradição, a aparição de Biden ocorreu no segundo dia da Assembleia-Geral da ONU, em vez do primeiro, devido à presença de Biden no funeral de Estado da rainha Elizabeth II em Londres na segunda-feira (19). (Com agências internacionais)


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