Festival eleitoral na ONU

(*) Gisele Leite

O atual Presidente da República usou o discurso feito na Assembleia Geral na ONU, em Nova York, para novamente reiterar os discursos de campanha eleitoral. Tanto que o candidato a reeleição reprisou todas as falas de comícios anteriores e, ainda, atacou seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Afirmou em tom ufanista que não existe corrupção sistêmica em seu governo e, se referiu aos escândalos da Petrobras, afirmando que o responsável fora condenado em três instâncias judiciais por unanimidade, apesar de não citar Lula nominalmente. Referiu-se ao oponente como ex-presidiário.

Recordemos que há dezesseis escândalos de corrupção nesse atual governo enumeremos: o Bolsolão do MEC; esquema dos tratores; Bolsolão do Busão; escândalo do asfalto; Queiroz e os cheques na conta de Michelle Bolsonaro; Rachadinha da família Bolsonaro; Caso Wal do Açaí; o gasto de quinze milhões com leite condensado; escândalo da Covaxin; escândalo do cartão corporativo; mansões da família Bolsonaro pagas em dinheiro vivo; o escritório do crime e Adriano da Nóbrega; Viagra nas Forças Armadas; as próteses penianas e a propina na Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República.

A pesquisa recente do IPEC demonstra a majoração de 43% para 45% de rejeição do atual governo da república brasileira. E, mesmo assim, insistiu Bolsonaro que os números indicam melhorias na economia brasileira, mesmo depois da pandemia, e ainda recuperação econômica, apontando para a queda do preço dos combustíveis. Igualmente citou dois regimes de esquerda como o da Venezuela e Nicarágua e, destacou a perseguição que os católicos têm sofrido no país, um ponto que tem sido explorado pelo apoio que o PT deu ao então Presidente Daniel Ortega.

Dialogando apenas com sua bolha de adeptos, em Nova York, o candidato a reeleição defendeu a liberdade religiosa, a família, a legítima defesa, referindo-se ao uso de armas de fogo e, o grande repúdio à ideologia de gênero. Findou sem discurso em vinte minutos conclamando parte do slogan de sua campanha afirmando que o país tem o povo que acredita em “Deus, Pátria e família e liberdade”. Talvez olvidando que somos um país laico conforme expressamente estatui a vigente Constituição Federal brasileira.

O referido slogan tem origem nitidamente fascista e já foi usado pelo integralismo, um movimento da Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada em 1932 por Plínio Salgado.

Não utilizou os trinta minutos que teria para o discurso, terminando em vinte minutos. Talvez, porque sua parca memória não fosse capaz de ter conteúdo para maior lastro temporal.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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