Bolsonaristas usam atos de violência para disseminar o medo e aumentar a abstenção nas eleições

 
A menos de uma semana das eleições, o nível de ameaça à democracia brasileira está em curva de alta. Com a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro ser derrotado, talvez no primeiro turno, a violência política deve tomar conta do cenário eleitoral nos próximos dias.

Na condição de presidente da República, Bolsonaro deveria pedir à população tranquilidade na reta final das eleições, mas isso é sonhar com o impossível. A chance de o chefe do Executivo passar para o segundo turno depende da radicalização do discurso de ódio.

Na verdade, com base nas pesquisas eleitorais, um possível segundo turno dependeria de um índice de abstenção maior do que a média das últimas eleições, que girou na casa de 20%. Os bolsonaristas, que sonham com isso, têm se valido de atos de violência para espalhar o medo e forçar o eleitor a não comparecer às urnas.

Tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda foi assassinado a tiros no dia 10 de julho pelo bolsonarista Jorge Guaranho, policial penitenciário federal. Arruda comemorava seu aniversário em uma festa cujo tema era o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula.

No dia 7 de setembro, o trabalhador rural bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, confessou ter matado Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos. Apoiador do candidato petista à Presidência da República, Santos levou 15 facadas e sofreu um golpe no pescoço com machado.

Em 20 de setembro, na cidade paulista de Ariranha, um pesquisador do instituto Datafolha foi agredido por um simpatizante de Jair Bolsonaro. O agressor, Rafael Bianchini, se aproximou do pesquisador e, aos gritos, passou a exigir que também fosse ouvido na pesquisa. “Só pega Lula e vagabundo”, disse Bianchini.

 
Ex-banqueiro e ativo nas redes sociais com posicionamentos coerentes e baseados nos fatos, Eduardo Moreira foi obrigado a cancelar vários compromissos agendados para os próximos meses como forma de preservar a própria segurança. Crítico ferrenho de Bolsonaro e seu governo, ele vem recebendo ameaças de vários tipos, inclusive de morte, desde que, em maio de 2020, seu nome foi incluído em relatório encomendado pelo Ministério da Economia para identificar “detratores” da política comandada pelo ainda ministro Paulo Guedes.

Na madrugada do dia 21 de setembro, a janela de um apartamento localizado na cidade de Recife, que tinha a bandeira do PT, foi atingida por tiros. O caso aconteceu no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte da capital pernambucana. Moradores do edifício relataram ter ouvido duas sequências de disparos por volta das 3h30.

Na última sexta-feira (23), a jovem Estefane de Oliveira Laudano, 19 anos, foi agredida com um pedaço de madeira por um apoiador de Jair Bolsonaro, em um bar em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. O caso foi registrado na 166ª DP (Angra dos Reis), onde o homem foi autuado em flagrante por lesão corporal.

De acordo com testemunhas, Estefane conversava com amigos quando outro cliente do estabelecimento, ao ouvir críticas a Jair Bolsonaro, se aproximou do grupo gritando palavras de apoio ao presidente. Com a discussão, o agressor Robson Dekkers Alvino, 52 anos, acabou expulso do local pela proprietária do bar. Em seguida, Alvino voltou ao estabelecimento portando um pedaço de madeira e atacou o grupo, atingindo Estefane com um golpe na cabeça.

No sábado (24), na cidade cearense de Cascavel, Antônio Carlos Silva de Lima, 39 anos, foi morto em um bar por ser eleitor de Lula. O suspeito do crime é um homem de 59 anos, com passagens por lesão corporal dolosa. O criminoso teria chegado transtornado ao local e gritado “quem é eleitor do Lula aqui?”. A vítima então teria dito disse: “Eu sou!” e, na sequência, foi esfaqueado.

É importante que os defensores da democracia não se deixem intimidar pelas ações violentas dos bolsonaristas, que, como afirmamos, pretendem impulsionar o índice de abstenção. Esse pode parecer um detalhe sem importância, mas na eleição de domingo na Itália a abstenção recorde (36%) permitiu que a ultradireita chegasse ao poder. O Brasil não pode correr esse risco!


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