Bolsonaro pede ao TSE suspeição de Moraes por “gesto de degola”; presidente ignora gesto de assessor

 
Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro tem o totalitarismo como cartilha do cotidiano. Irritando-se facilmente quando contrariado, Bolsonaro tem recorrido às mais estapafúrdias para justificar um possível fracasso nas urnas – as pesquisas de opinião apontam para sua derrota.

Em declarada guerra contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo no centro do alvo o ministro Alexandre de Moraes, o chefe do Executivo tenta vender ao incauto eleitora a imagem de que é vítima de perseguição. Para tanto, Bolsonaro se agarra a questiúnculas, as quais acabam transformadas em fatos monumentais, o que não é verdade.

A mais nova investida de Bolsonaro contra o presidente do TSE tem um gesto do magistrado durante sessão plenária do TSE que proibiu transmissões ao vivo a partir do Palácio da Alvorada, do Palácio do Planalto e de qualquer prédio público. A decisão cumpre o que determina a legislação eleitoral.

No mencionado julgamento, Alexandre de Moraes passou o dedo no pescoço no sentido horizontal, dando margem aos oportunistas para interpretarem como sinal de degola. Interlocutores do ministro garantem que o gesto foi para um assessor que estava no plenário e não teve qualquer relação com o presidente da República.

Bolsonaro, por sua vez, aproveitou o episódio para requerer ao TSE a derrubada da decisão liminar que impediu a realização das “lives” na residência oficial da Presidência, enquanto não houver julgamento final sobre o pedido de declarar Moraes suspeito no caso. No entender do UCHO.INFO, o pedido de Bolsonaro é inócuo, já que a liminar foi confirmada por 4 votos a 3 pelo pleno do TSE.

Nos bastidores da campanha de Bolsonaro, o desânimo cresce com o passar das horas, mas publicamente o presidente tenta manter o discurso de que sairá vitorioso no primeiro turno da corrida ao Palácio do Planalto.

 
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Reconhecemos que figuras públicas, principalmente integrantes do Judiciário, devem se comportar de forma a não despertar questionamentos, inclusive no que diz respeito ao gestual. Querer imputar ao ministro Alexandre de Moraes uma intenção desconhecida em seu todo é oportunismo raso.

De chofre é necessário dar crédito à justificativa apresentada por interlocutores de Moraes, pois quando Filipe Martins, assessor internacional da Presidência da República, fez um gesto supremacista durante sessão do Senado realizada para esclarecer a atuação do governo na compra de vacinas contra Covid-19. Para o Ministério Público Federal (MPF), Martins “induziu e incitou a discriminação e o preconceito de raça, cor e etnia, em detrimento da população negra em geral e contra outros grupos sociais não brancos”.

Naquela data, 24 de março de 2021, enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), discursava, ele fez um círculo com o dedo indicador e o dedão, deixando os demais dedos esticados, sinal que remete à supremacia da raça branca.

Em outubro do ano passado, a 12ª Vara Federal de Brasília absolveu Filipe Martins, sob a justificativa de não haver elementos para sustentar a acusação. Coube ao MPF o direito de recorrer da decisão.

O juiz federal Marcus Vinicius Reis, em sua decisão, argumentou: “Nada há nos autos que dê suporte a essas ilações. Em verdade, o Ministério Público Federal presume que o denunciado portou-se com o fim de exprimir mensagem de supremacia da raça branca sobre as demais. Dita versão tem o mesmo valor probante daquela afirmada pelo acusado —a de que estava ‘passando a mão no terno e depois arrumando sua lapela, para remover os vincos’—, a saber, nenhum”.


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