Formato de debates precisa ser mudado; o que se viu na Band foi “chumbo trocado” entre Lula e Bolsonaro

 
Logo após o primeiro turno das eleições, muito se criticou os institutos de pesquisa pela divergência entre os números dos levantamentos e os resultados das urnas. Há de se compreender que pesquisas de intenção de voto são um retrato do momento em que o levantamento é realizado. Entre as respostas dos eleitores aos pesquisadores e os votos nas urnas pode haver divergência. Não por acaso, os institutos de pesquisa divulgam a margem de erro e o índice de confiança dos levantamentos.

Como forma de construir um enredo para justificar eventual conturbação caso o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, sai derrotado do segundo turno, integrantes da base aliada passaram a propor a criminalização dos institutos de pesquisa, como se o eleitor não mudasse de ideia até o momento do voto.

Bolsonaro, totalitarista como sempre, tentou usar a máquina estatal para emparedar os institutos de pesquisa, inclusive acionando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Polícia Federal (PF), mas a investida não prosperou, pois o ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deu três dias para que o ministro Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro Macedo, se manifestem sobre o possível uso eleitoral dos órgãos em torno de pedidos de investigação contra os institutos de pesquisa Datafolha, Ipec e Ipespe. Os institutos que apontaram a vitória de Bolsonaro no primeiro turno ficaram de fora da ação do governo.

 
Não obstante, o presidente TSE, ministro Alexandre de Moraes, suspendeu as investigações abertas por determinação do Ministério da Justiça e do Cade. Em despacho, publicado na quinta-feira (13), Moraes afirmou que houve “usurpação da competência” da Justiça Eleitoral, que em sua avaliação teria a atribuição para instaurar eventual investigação.

Diferentemente do que afirma o presidente da República, o País está mergulhado em grave e múltipla crise, mas aos eleitores é vendida a falsa ideia de que o Brasil está vivendo o seu melhor momento.

Diante desse cenário, o eleitor espera dos debates entre os candidatos à Presidência proposta para minimizar a crise enfrentada pela população. Na noite de domingo (16), no debate transmitido pela TV Bandeirantes – em parceria com a TV Cultura, o portal UOL e o jornal Folha de S. Paulo – o que se viu foi um tatame no qual os dois candidatos ao Palácio do Planalto trocaram acusações das mais diversas.

Na opinião do UCHO.INFO, se os candidatos imaginavam que o debate serviria para conquistar os votos dos indecisos, especialmente porque a eleição será decidida por um placar apertadíssimo, o encontro serviu para nada. Isso porque os petistas votarão em Lula, os bolsonaristas, em Bolsonaro.

Para que o episódio grotesco deste domingo não se repita nas próximas eleições, alguém precisa tomar a iniciativa de propor uma mudança radical no formato dos debates. O primeiro passo é proibir a troca de acusações, que tem terreno fértil nas redes sociais. Se os candidatos querem se engalfinhar no universo cibernético, que respeitem o eleitor que durante quase duas horas – às vezes mais – ficara parado diante do televisor à espera de alguma proposta concreta.


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