Covarde conhecido, Bolsonaro agora refere-se ao fiel aliado Roberto Jefferson como “bandido”

 
A covardia de Jair Messias Bolsonaro, presidente da República e candidato à reeleição, causa engulhos, mas não é novidade para os brasileiros coerentes e dotados de bom-senso. A conexão política do chefe do Executivo com o ex-deputado federal Roberto Jefferson é conhecida por todos os cidadãos.

Após descumprir medidas cautelares que embasavam a prisão domiciliar, Jefferson foi alvo de mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga milícias digitais e ameaças à democracia.

O ex-parlamentar entrou na mira da Corte após divulgar nas redes sociais vídeo em que de forma criminosa ofende a ministra Cármen Lúcia, do STF, com palavrões dos mais variados. Após o ataque à magistrada, Jefferson foi alvo de várias manifestações pedindo seu retorno à prisão em regime fechado. No vídeo, Jefferson referiu-se à ministra do Supremo como “prostituta arrombada”, entre outros palavrões.

Supostamente cumprindo prisão domiciliar em sua casa no município de Comendador Levy Gasparian, no interior fluminense, Roberto Jefferson recebeu os policiais federais com tiros de fuzil e três granadas, sendo que um delegado e uma agente policial foram feridos por estilhaços dos artefatos explosivos.

Após cerco que durou 8 horas, Jefferson se entregou aos policiais federais, mas contou com a intermediação do ministro da Justiça, Anderson Torres, conhecido pela nauseante sabujice que dedica ao presidente da República.

A ópera bufa protagonizada por Jefferson foi ensaiada com antecedência, ao contrário do que imaginam os incautos, mas o resultado foi adverso. Bolsonaro tinha ciência do teatro mambembe de Jefferson, o que explica a determinação ao ministro da Justiça para entrar no caso e evitar uma tragédia na pacata cidade do interior do Rio de Janeiro. Quando o presidente da República toma uma decisão dessa natureza é porque a democracia já foi pelos ares.

O objetivo inicial era transformar o ex-parlamentar em vítima de suposta perseguição por parte do Supremo, mas o resultado passou longe do enredo bolsonarista. Jefferson esperava que os policiais federais reagissem atirando à sua investida, o que não aconteceu. Tanto é assim, que o ex-deputado afirmou em vídeo publicado nas redes sociais que a situação pioraria e que ele não se entregaria.

 
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O efeito do episódio encenado por Roberto Jefferson na campanha de Bolsonaro foi o pior possível, obrigando a cúpula da campanha a agir para minimizar o estrago. Antes da rendição, Bolsonaro usou sua conta no Twitter para “repudiar” (sic) as ofensas à ministra Cármen Lúcia. O presidente precisou de 48 horas para se pronunciar.

“Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP”, escreveu Bolsonaro.

O presidente aproveitou a suposta manifestação de repúdio para criticar os inquéritos do STF sobre as milícias digitais e as ameaças à democracia. Que o presidente é um delinquente todos sabem, mas afirmar que os mencionados inquéritos não estão respaldados na Carta Magna é estupidez de conveniência.

Minutos após a rendição de Jefferson, o presidente Jair Bolsonaro divulgou vídeo nas redes sociais em que condena o ataque aos policiais federais e refere-se ao aliado como “bandido”. O tratamento dispensado a quem atira em policial é o de bandido”, diz o farsante Bolsonaro em determinado trecho do vídeo.

Até antes do episódio grotesco, Roberto Jefferson era um aliado imprescindível, mas agora é tratado como bandido. É importante lembrar que Jefferson, impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de concorrer à Presidência da República, colocou seu candidato a vice, o autointitulado padre Kelmon, como cabeça de chapa. O ex-deputado foi condenado em 2012 a de sete anos e quatorze dias de prisão, pena que terminou em 2019. Contudo, a Lei do Ficha Limpa estende a inelegibilidade por julgamentos em colegiados a até oito anos após o cumprimento da pena.

A farsa que Bolsonaro tenta esconder é tamanha, que Kelmon foi orientado a fazer uma “dobradinha” com o presidente durante debate promovido pela TV Globo no primeiro turno, em 29 de setembro. O alegado padre atuou como linha auxiliar de Bolsonaro para atacar o petista Lula.

No sábado (22), Bolsonaro disse, durante ato de campanha em Guarulhos (SP), que o padre “fez a diferença” no debate presidencial. “Quero cumprimentar e pedir uma salva de palmas para o nosso padre Kelmon. Um líder religioso que apareceu do nada, mas fez a diferença naquele debate. Obrigado por existir. Eu chamo de padre que caiu do céu””, afirmou o presidente e candidato à reeleição.


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