É impossível não reconhecer que o presidente Jair Bolsonaro e seus assessores e ministros destruíram o Brasil, assim como ameaçaram constantemente a democracia, o Estado de Direito e as instituições da República.
Bolsonaro é um golpista conhecido que ousa falar em democracia como se o seu passado não o condenasse. O saudoso Millôr Fernandes escreveu: “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”. A democracia defendida por Bolsonaro é a mesma descrita por Millôr.
A peçonha golpista se instalou nas entranhas do Estado brasileiro de tal forma, que os comandantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) devem deixar os respectivos cargos até o próximo dia 15 de dezembro, em clara demonstração de insubordinação ao presidente eleito e inequívoco apoio ao golpismo de Bolsonaro et caterva.
Vivesse o Brasil um período marcado pela responsabilidade democrática, os comandantes militares aguardariam a nomeação dos substitutos para, na sequência, tomarem outros rumos. A questão é que os comandantes se recusam a prestar continência ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse movimento irresponsável dos comandantes pode reverberar na caserna, deixando o País à espreita de eventual intifada. Talvez essa seja a última carta que Jair Bolsonaro tem na manga para impedir a posse de Lula em 1º de janeiro próximo.
Quando, em recente artigo, afirmamos que a equipe de transição de Lula se assemelha à lendária arca de Noé, não o fizemos por deboche, mas por conhecer os bastidores da política e a briga por espaço e cargos. Tantas pessoas estão a dar palpites nas devidas comissões, que é difícil imaginar que esse “tour de force” resulte em algo viável.
Um impasse tomou conta da equipe de transição e Lula soube ser cauteloso, mesmo pressionado, para anunciar nomes de futuros ministros de Estado. O nome mais esperado é o da Fazenda, pasta que, tudo indica, deve ser ocupada por Fernando Haddad, candidato petista derrotado ao governo de São Paulo.
Em relação ao Ministério da Defesa, muito se discutiu nos últimos dias sobre a possibilidade de um militar assumir a pasta, mas Lula está decidido a cumprir a promessa de campanha e nos próximos dias anunciará o nome de um civil.
Ex-deputado federal, ex-deputado federal e ex-ministro de Relações Institucionais no segundo governo Lula, o pernambucano José Múcio Monteiro Filho é o nome mais cotado para comandar o Ministério da Defesa. Dono de inegável habilidade política e conhecido por ser exímio negociador, José Múcio reúne condições para baixar a fervura golpista que tomou conta da caserna, em especial porque é respeitado nos meios militares. Caso seu nome seja confirmado, a ameaça maior começará a se distanciar.
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