Os motivos que arrancam lágrimas do ainda presidente Jair Bolsonaro no país que “não pode ser de maricas”

 
Durante quatro anos, Jair Messias Bolsonaro tentou vender aos brasileiros incautos uma virilidade que ele próprio desconfia. Não fosse assim, o ainda presidente da República não teria tantas reações homofóbicas e misóginas. Talvez seja o caso de um bom psicanalista e um chaveiro especialista em armário.

Depois de, durante a pandemia, dizer que o Brasil não pode ser um “país de maricas”, Bolsonaro agora tenta se fazer de vítima, apenas e tão somente porque seu projeto golpista fracassou e a possibilidade de ser preso torna-se cada vez maior no horizonte.

Enfurnado no Palácio da Alvorada desde 30 de outubro passado, quando foi derrotado por Lula no segundo turno da corrida presidencial, Bolsonaro tem evitado eventos oficiais e se ausentado da sede do Executivo federal.

Na última segunda-feira (5), durante cerimônia com oficiais do Exército, em Brasília, Jair Bolsonaro foi às lágrimas ao cumprimentar os generais recém-promovidos. Teorias das mais distintas surgiram para tentar explicar o “mimimi” do presidente da República, mas uma conjunção de fatores levou Bolsonaro a mais um espetáculo pífio. Lembramos que ao longo da pandemia de Covid-19, que ceifou a vida, o presidente sequer se solidarizou com as famílias que perderem seus entes queridos. Possivelmente porque naquele momento ele precisava manter a imagem de “macho alfa”.

Bolsonaro agora chora porque os militares foram até à fronteira do bom-senso e decidiram não embarcar na aventura golpista que foi acalentada no Palácio do Planalto. Um oficial de alta patente que integra a cúpula do Comando Militar do Sudeste revelou a um interlocutor que Lula tomará posse porque vence uma eleição de forma democrática e sem qualquer indício de fraude. Em outras palavras, os bolsonaristas que se aglomeram em frente de quarteis Brasil afora estão perdendo tempo.

Bolsonaro vai às lágrimas porque seus aliados políticos no Congresso Nacional, todos comprados com o criminoso ‘orçamento secreto”, já o abandonaram. Um dos próceres do malfadado Centrão, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, já migrou para o lado de Lula. Afinal, mesmo que condenável, essa é a regra do jogo. Continuaremos criticando a forma como se faz política no Brasil.

Bolsonaro vai às lágrimas porque Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal, vem se empenhando para que a PEC da Transição seja aprovada o quanto antes. Ato contínuo caberá a Lira tratar de colocar em votação rapidamente para que a proposta seja aprovada até o próximo dia 16 de dezembro. Em outras palavras, Bolsonaro foi abandonado porque a partir de janeiro Lula estará com a caneta presidencial nas mãos.

 
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Bolsonaro vai às lágrimas porque Neymar não cumpriu a promessa de doar ao presidente da República a camisa da seleção brasileira assim que marcasse um gol no Qatar. O atacante do PSG também prometeu usar as mãos para fazer o “22” (número do partido de Bolsonaro” após cada gol marcado, mas nada disso aconteceu. Aliás, Neymar se aventurou na seara bolsonarista diante dos insistentes rugidos do Leão da Receita Federal. Como o próximo secretário da Receita será indicado por Lula, a partir de janeiro a encenação de Neymar será outra.

Bolsonaro vai às lágrimas porque seu isolamento político só aumenta com o passar dos dias. Governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse há dias que nunca foi “bolsonarista raiz”. Tarcísio, que esteve à frente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) no governo Dilma e foi secretário de coordenação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) nomeado por Michel Temer, tenta se descolar da aura derrotista de Bolsonaro.

Tarcísio participou, na terça-feira (6), de cerimônia no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, ocasião em que manteve animado diálogo com o ministro Alexandre de Moraes, do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Moraes, que é relator do inquérito que investiga atos antidemocráticos, atrapalhou o plano golpista de Bolsonaro. Ver Tarcísio e Moraes conversando descontraidamente leva qualquer “marica” às lágrimas.

Se o ainda presidente da República acalentava o sonho de transformar o governo paulista em frente de resistência a Lula e ao PT, o melhor é mudar de ideia ou rever a estratégia. Tarcísio de Freitas terá de manter boa relação com o governo federal, pois o mais importante estado da federação não pode viver às turras com o Palácio do Planalto. Ademais, o governador eleito de São Paulo afirmou que não se deixará pautar por questões ideológicas na formação da sua equipe de governo. Na melhor das hipóteses, a Secretaria de Segurança Pública poderá ser comandada por Guilherme Derrite, capitão da reserva da Polícia Militar de São Paulo e bolsonarista de carteirinha. Contudo, Derrite está na mira de uma polêmica envolvendo um ex-sócio amante da pedofilia.

Informações obtidas pelo UCHO.INFO junto a policiais civis não apontam na direção de convivência pacífica. Os servidores da Polícia Civil paulista não aceitam ser comandados por um policial militar. Uma saída está sendo estudada para baixar a temperatura: a permanência de Oswaldo Nico Gonçalves no cargo de delegado-geral. Se essa estratégia terá êxito não se sabe, mas os policiais civis prometem não ceder tão facilmente.

Para concluir, Jair Bolsonaro sabe que é grande a chance de ser processado, condenado e preso por conta dos muitos crimes cometidos ao longo do mandato presidencial, a começar pela inoperância torpe do governo nos primeiros longos e tenebrosos meses da pandemia. Sem foro privilegiado, Bolsonaro será alvo de uma enxurrada de ações judiciais em todo o País, as quais tramitarão na primeira instância.

Não por acaso, confirmando notícia antecipada com exclusividade pelo UCHO.INFO, “bolsonaristas raiz” articulam uma espécie de anistia a Bolsonaro. Quando noticiamos a movimentação, muitos bolsonaristas se revoltaram alegando que não passava de invencionice. Fato é que os aduladores de Jair Bolsonaro trabalham nos bastidores do Congresso para aprovar uma lei que prevê a concessão de mandato de senador vitalício a ex-presidentes da República. Tudo para salvar aquele que prometeu acabar com a “velha política”.


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