Lula corre o risco de fracassar politicamente caso não contenha a fúria do PT por cargos no governo

 
Na edição de 5 de dezembro, o UCHO.INFO afirmou que o maior problema que a ser enfrentado pelo presidente eleito e diplomado Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 1º de janeiro é o próprio partido, o PT. Isso porque os “companheiros” têm atuado de forma covarde nos bastidores para abocanhar a maior quantidade possível de cargos no primeiro escalão do próximo governo, esquecendo que Lula foi eleito na esteira de uma frente ampla em defesa da democracia.

Aliados que tiveram papel preponderante na campanha presidencial começam a ser escanteados pelos petistas, como é o caso da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e Márcio França (PSB-SP). Tebet não condicionou o apoio a Lula ao comando de algum ministério, mas a pasta de Desenvolvimento Social foi prometida à emedebista. O PT reivindica a pasta para algum companheiro, como se o governo fosse um cabide de empregos em meio a uma crise econômica gravíssima.

Márcio França estava cotado para assumir o Ministério das Cidades, mas sua indicação perdeu força à sombra da volúpia criminosa do Centrão, que muito antes do início do governo já transformou Lula em refém do que há de pior na política nacional. Ao Centrão foi oferecido o Ministério de Ciência e Tecnologia, mas os proxenetas da política nacional acharam pouco.

Como se não bastasse a confusão que funciona como abre-alas do próximo governo, o Centrão está de olho no Ministério da Saúde. Essa foi uma das reivindicações feitas por Arthur Lira a Lula como forma de garantir a aprovação da PEC da Transição.

 
Faz-se necessário ressaltar que Ricardo Barros (PP-PR), líder do cambaleante governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados e um dos próceres do do Centrão, tem discursado contra a aprovação da PEC. Barros, cujo currículo político dispensa maiores apresentações, ousa falar em responsabilidade fiscal, mesmo tendo defendido as bizarrices fiscais de Bolsonaro.

Não acomodar na estrutura do novo governo representantes dos partidos que formaram a frente ampla é sinal de traição política, algo que pode dificultar a terceira passagem de Lula pelo Palácio do Planalto.

Responsável pela ala do MDB que apoiou Lula desde o primeiro turno, o senador Renan Calheiros (AL) reivindica o seu quinhão: quer fazer de Renan Filho, eleito senador, o próximo ministro de Minas e Energia. Conforme apurou o UCHO.INFO, Roseana Sarney, deputada federal eleita pelo Maranhão, teve o nome sondado para ocupar a pasta. Nosso interlocutor tem bom trânsito com a família Sarney.

Presidente nacional do PT, a deputada federal reeleita Gleisi Hoffmann (PR), em entrevista à jornalista Miriam Leitão, da GloboNews, disse que ninguém deve se preocupar, pois há ainda muitos ministérios a serem ocupados. Ao mesmo tempo, a parlamentar petista alega que a ausência de outros partidos na composição do governo não significa rompimento com a frente ampla. Desculpa ridícula que não para em pé, mas vindo de Gleisi não é de assustar.

Caso não consiga controlar o ímpeto do PT na formação do governo, Lula corre o risco de fazer um péssimo governo e entrar para a história pela porta dos fundos. O terceiro mandato, que deveria ser encarado como sua redenção, pode desmoronar em pouco tempo. Basta voltar na linha do tempo e resgatar o que ocorreu nos governos do PT.


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