O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou nesta sexta-feira (6) a primeira reunião com seus ministros de Estado. O encontro, que começou de manhã e se estendeu pela tarde, tinha o objetivo de alinhar as ações do governo e discutir as primeiras medidas a serem adotadas no início da gestão.
Na reunião ministerial, ele disse que a administração petista tem uma tarefa árdua, mas também nobre pela frente, com o objetivo de “entregar este país melhor”.
Além disso, Lula enfatizou que qualquer ministro que cometer ato ilícito será demitido. Também defendeu uma boa relação com o Congresso e pregou respeito às leis, à Constituição e ao meio ambiente.
Em seguida, em tom de lealdade, o presidente disse que apoiará cada um dos ministros “nos momentos bons e nos momentos ruins”, sem deixar “nenhum de vocês no meio da estrada”.
“Vocês foram chamados [para os cargos ministeriais] porque têm competência. Vocês foram chamados porque foram indicados pelas organizações políticas que vocês pertencem, e eu respeito muito isso”, disse.
Ao mesmo tempo, o presidente foi incisivo ao indicar que quem cometer qualquer ato ilegal será imediatamente convidado a se retirar do governo.
“Quem fizer [algo] errado sabe que tem só um jeito: a pessoa será, simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo. E, se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça”, afirmou.
A declaração foi proferida logo no início da reunião e destaca-se porque, já neste começo de mandato, há um desgaste político provocado pela ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), deputada federal mais votada do Rio de Janeiro em 2022.
Até o momento, Daniela tem sido defendida pelo governo, em meio a informações de que ela teria ligação política com pelo menos três suspeitos de comandar milícias no Rio de Janeiro.
Ela foi nomeada ministra para contemplar o União Brasil na Esplanada e aumentar a presença feminina entre as pastas, bem como por seu empenho na campanha de Lula no segundo turno.
De acordo com reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” publicada em outubro, a campanha de Daniela Carneiro teria sido caracterizada por apoio ilegal de oficiais da Polícia Militar, além de hostilidades contra adversários políticos. A cidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, é governada pelo marido da ministra, Waguinho, também do União Brasil.
Leis e meio ambiente em pauta
Em outro momento da reunião, Lula destacou a sua posse no dia 1º de janeiro como um momento que prova ser possível fazer “esse país voltar a sorrir”, dizendo também que “é preciso acabar com as brigas familiares”, em referência à polarização política que vive o Brasil.
Ao abordar a relação entre o PT e o agronegócio, um tema bastante delicado, Lula citou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. O presidente disse que “empresários de verdade” desse setor sabem que podem produzir sem destruir a Amazônia ou qualquer outro bioma. E que esses empresários são respeitados pelo governo.
“Aqueles que quiserem teimar e continuar desrespeitando a lei, invadindo o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode ser usado, […] a força da lei imperará sobre eles, e nós vamos exigir que a lei seja cumprida. Porque neste país tudo vale, a única coisa que não vale é o cidadão bandido achar que pode desrespeitar a boa vontade da sociedade brasileira, a nossa Constituição e a nossa legislação”, afirmou Lula.
O presidente também destacou que a “reconstrução” do Brasil passa principalmente pela educação e pela saúde. Por isso, citou obras inacabadas nessas áreas, além de ter prometido uma “revolução cultural” no país.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, também discursou. E usou a palavra sobretudo para criticar Jair Bolsonaro, dizendo que em quase cinco décadas de política, nunca havia visto um servidor público fazer tanto uso da máquina pública para tentar se reeleger.
Relação com o Congresso
Além dos 37 ministros, participaram da reunião os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT), no Senado, Jacques Wagner (PT), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede).
Lula reforçou que um bom relacionamento com o Legislativo é fundamental para o Executivo. E que, devido a isso, não faz sentido ter ministérios compostos por técnicos respeitados, mas que não conseguem votos no Congresso.
“É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso. Nós dependemos do Congresso e, por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado, cada deputada, cada senador, cada senadora [que o procurar]”, afirmou.
Em seguida, citou os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Lula disse, por exemplo, que questões ideológicas devem ser deixadas de lado quando o assunto for de interesse do povo brasileiro.
“[…] Não é o Lira que precisa de mim, é o governo que precisa da boa vontade da presidência da Câmara. Não é o Pacheco que precisa de mim, é o governo que precisa de um bom relacionamento com o Senado. E assim nós vamos governar nesses quatro anos”, reforçou. (Com DW)
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