Capachos do golpe precisam ser extirpados do governo, que deve acompanhar movimentos terroristas

 
As imagens da ação dos terroristas bolsonaristas que invadiram e depredaram, no último domingo (8), o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional sugerem que a forma como os criminosos circulavam pelos respectivos prédios era fruto de informações privilegiadas.

No Palácio do Planalto, sede do Executivo federal, alguns terroristas foram diretamente ao terceiro andar, onde ficam os gabinetes do presidente da República e dos assessores diretos da Presidência. Apenas o gabinete atualmente ocupado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi invadido, pois conta com porta blindada para garantir a segurança do mandatário.

Espantosa, essa quase intimidade com a sede do Executivo denota que os vândalos receberam instruções de autoridades que ainda integram a estrutura do governo, mas atendem aos ingresses golpistas de Jair Bolsonaro, o genocida em fuga.

O presidente Lula, impulsionado pela cúpula do PT, sua principal e mais perigosa chaga, tentou iniciar uma “caça às bruxas”, ou seja, encontrar um culpado pela ação tardia na contenção dos terroristas bolsonaristas. Esse movimento explica o fato de o nome de José Múcio Monteiro, ministro da Defesa e um dos excelentes nomes do atual governo, estar sob o chamado “fogo amigo” e ter sido alçado à linha de tiro palaciana.

Conhecido por ser habilidoso negociador e experiente na solução de problemas complexos, José Múcio é acusado de ter agido sem firmeza junto aos militares no âmbito dos acampamentos instalados na frente de quartéis, desmontados por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Além da irresponsabilidade das autoridades do Governo do Distrito Federal, que se omitiram diante de uma ameaça conhecida e plenamente evitável, a culpa primeira é do próprio governo Lula, que não promoveu uma “faxina” no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), que tem sob seu comando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

 
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O GSI ainda está tomado por servidores subservientes a Jair Bolsonaro, cenário que permite concluir que os terroristas que invadiram o Palácio do Planalto foram instruídos, mesmo que indiretamente, de forma minuciosa e didática.

Tomando por base que a segurança do presidente Lula, assim como da Presidência da República, agora está a cargo da Polícia Federal, como anunciado, não há razão para o GSI continuar atuando na sede do governo e com livre acesso a informações sobre os movimentos do chefe do Executivo. No caso de haver possibilidade legal de o GSI ser extinto, que o órgão seja esvaziado o quanto antes, pois as ameaças de golpe continuarão existindo.

A informação mentirosa de que o ministro José Múcio Monteiro renunciaria ao cargo, como forma de evitar a demissão, é obra de quem se diz próximo do presidente Lula, mas busca tumultuar o já conturbado cenário na expectativa de conseguir alguma sinecura na estrutura governamental. Múcio é uma peça importante no tabuleiro que está sob ameaça dos bolsonaristas, mas beira o devaneio culpá-lo por algo que não é da sua responsabilidade.

A Lei Antiterrorismo (Lei n.º 13.260, de 16 de março de 2016) tem uma zona nebulosa no âmbito do enquadramento de atos terroristas, mas os golpistas apoiadores de Bolsonaro, que deixaram um rastro de destruição na Praça dos Três Poderes, não podem ser tratados de outra maneira, que não como terroristas. Quando a democracia sofre grave ameaça, como aconteceu no domingo, a referência aos criminosos passa ao largo do enquadramento penal.

O serviço de inteligência do governo federal deve estar atento às movimentações dos golpistas, que continuam se organizando em redes sociais e por aplicativos de mensagens para novos atos violentos. Inicialmente, golpistas divulgaram a realização simultânea de atos em todas as capitais, nesta quarta-feira (11), mas de acordo com apuração do UCHO.INFO o plano é instalar o caos em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, na próxima sexta-feira (13). Na capital paulista, um dos coordenadores do grupo criminoso atente pelo nome de “Pastor Marcão”.

Outro ponto que merece atenção por parte das autoridades é a ação de vândalos em torres de transmissão de energia, como aconteceu no Paraná e em Rondônia. Ao todo três torres de transmissão foram danificadas, sendo que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não descarta a possibilidade de vandalismo. Vale ressaltar que os golpistas planejaram interromper o trabalho nas refinarias de petróleo, na madrugada de segunda-feira, mas a ação não foi bem-sucedida.


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