Na quarta-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dispensou 13 militares que integravam o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) e eram responsáveis pela coordenação da segurança presidencial. As demissões ocorreram à sombra da desconfiança do chefe do Executivo em relação a uma parcela dos militares.
A alegada desconfiança levou o presidente a rejeitar a escolha de agentes do Exército para atuarem como ajudantes de ordens. “Eu perdi a confiança, simplesmente. Na hora que eu recuperar a confiança, eu volto à normalidade”, disse Lula, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”.
“Quero ver todas as fitas gravadas. Teve muita gente da PM conivente, muita gente das Forças Armadas aqui dentro conivente. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui”, declarou o presidente.
Tardia, a decisão foi tomada devido à inação de membros do GSI diante da tentativa de golpe de Estado por parte de apoiadores de Jair Bolsonaro, que em 8 de janeiro deixaram um rastro de destruição na Praça dos Três Poderes. Na terça-feira, Lula já havia dispensado dezenas de militares ligados à Presidência da República e que desempenhavam funções administrativas.
Na segunda leva de exonerações, foram afastados cinco dos treze militares que exerciam funções na Mesa de Representação no Rio de Janeiro, outros sete na Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial e mais um na Divisão Administrativa do GSI.
Primeira leva de demissões
Quarenta militares responsáveis pela segurança do Palácio da Alvorada foram exonerados pelo mandatário na terça-feira. Na última quinta-feira (12), Lula disse estar “convencido” de que durante os atos terroristas as portas do Palácio do Planalto foram abertas aos golpistas por figuras coniventes, incluindo membros das Forças Armadas.
Diversos generais, tanto da reserva quanto da ativa, reagiram mal às falas de Lula, e trataram de mandar recados hostis por alguns setores da imprensa, rejeitando as acusações de conivência ou omissão e acusando Lula de “queimar pontes” com as Forças Armadas.
Ignorando a realidade dos fatos
Ex-chefe do GSI, o general da reserva Sérgio Etchegoyen disse que a declaração de Lula sobre a desconfiança em relação aos militares é “covardia” e não serve para pacificar o País e muito menos as relações com as Forças Armadas. Etchegoyen afirmou que o presidente da República fez tal declaração porque sabe que as Forças Armadas não rebateram publicamente as declarações.
O general Sérgio Etchegoyen é um oficial militar equilibrado e sabe que as Forças Armadas foram coniventes com os terroristas bolsonaristas, começando pela não determinação para que fossem desmontados os acampamentos de golpistas diante dos quarteis do Exército em várias cidades brasileiras.
Não obstante, os militares impediram que forças de segurança do Distrito Federal desmontassem o acampamento em frente ao quartel-general do Exército e prendessem criminosos no local, mesmo depois da onda de vandalismo de 8 de janeiro. Com essa decisão, as Forças Armadas permitiram a fuga de muitos responsáveis pela invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.
É inegável que ao longo dos últimos quatro anos Jair Bolsonaro politizou a caserna, não sem antes despejar sobre as Forças Armadas a ideia de um golpe de Estado, sob a alegação de que era preciso livrar o Brasil do comunismo. Bolsonaro, que insiste em flertar com a delinquência intelectual, tem garantido o direito à livre manifestação do pensamento, mas falar em comunismo é delírio de golpista de plantão.
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