No filme “Um convidado bem trapalhão” (1968), dirigido pelo cineasta Blake Edwards e com trilha sonora de Henry Mancini, o personagem interpretado por Peter Sellers, um importante produtor de filmes em Hollywood, planeja uma festa de arromba para personalidades ilustres do cinema. Convidado por engano e com enorme vocação para causar acidentes, ele transforma o evento em verdadeiro caos.
Comparando a conhecida produção cinematográfica com a atual política brasileira, o papel de “trapalhão” certamente caberia ao presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, conhecido nos bastidores como “Boy”.
Aliado de aluguel do ex-presidente Jair Bolsonaro, que continua refugiado na cidade americana de Orlando, no estado da Flórida, Costa Neto proporcionou às autoridades brasileiras os elementos que faltavam para o avanço da investigação sobre a tentativa de gole, levada a cabo no último dia 8 de janeiro, em Brasília.
Há dias, na tentativa de esvaziar a essência golpista do ex-presidente da República, Costa Neto disse, em entrevista ao jornal “O Globo”, que diversos integrantes e interlocutores do governo Bolsonaro tinham, em suas casas, propostas similares à minuta do golpe, apreendida pela Polícia Federal na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
“Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo”, disse Costa Neto, acrescentando que Bolsonaro “não quis fazer nada fora da lei”.
O objetivo do documento batizado como “minuta do golpe” seria reverter o resultado da eleição presidencial, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor. A medida, se levada adiante, seria inconstitucional e facilmente derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta terça-feira (31), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que a Polícia Federal tome o depoimento de Costa Neto, em até cinco dias, sobre as propostas golpistas.
De acordo com Moraes, as declarações do presidente do PL “devem ser esclarecidas no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito à adesão, por terceiras pessoas, de eventual intenção golpista”. Na decisão, o ministro do Supremo destacou que possíveis crimes em investigação são golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Documentos triturados
O documento apreendido na casa de Anderson Torres, que está preso em Brasília, sugeria a decretação de um “estado de defesa” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para alterar o resultado eleitoral que deu a vitória a Lula.
Na entrevista concedida ao jornal “O Globo”, Valdemar Costa Neto disse ter recebido várias sugestões com o mesmo teor, mas tomou o “cuidado de triturar” os papéis.
“Tinha gente que colocava [as propostas] no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar. Vi que não tinha condições, e o Bolsonaro não quis fazer nada fora da lei”, disse o presidente do PL.
Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.
