Atos golpistas não podem cair no esquecimento; responsáveis precisam ser punidos com o máximo rigor

 
A cada 24 horas, o volume de informações quadruplica ao redor do planeta, proporção que também vale para o Brasil. O cenário assustador explica o conteúdo raso das informações e a proliferação de notícias que servem apenas para impulsionar a monetização de páginas na internet, sem agregar algo na vida do cidadão. Por essa razão assuntos importantes caem rapidamente no universo do esquecimento.

A tragédia humanitária na Terra Indígena Yanomami e a catástrofe provocada por forte terremoto na Turquia e na Síria – que provocou mais 20 mil mortes, deixou milhares de feridos e devastou várias cidades de ambos os países – merecem a máxima atenção da opinião pública, mas os atos golpistas de 8 de janeiro não podem perder espaço no noticiário.

Os envolvidos direta e indiretamente nos atos golpistas promovem uma enxurrada de narrativas na vã tentativa de escaparem da responsabilidade. Desde 2018, por ocasião da campanha presidencial daquele ano, o UCHO.INFO insiste em afirmar que Jair Bolsonaro, agora ex-presidente e foragido, é um golpista conhecido.

As seguidas ameaças de Bolsonaro à democracia e ao Estado de Direito abriram caminho para a politização das Forças Armadas, ao mesmo tempo em que “incendiaram” a turba de apoiadores, muitos dos quais participaram dos atos terroristas que deixaram um rastro de destruição na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Dos bolsonaristas que participaram da onda de vandalismo, muitos estão presos em presídios da capital federal, ao passo que outros cumprem medidas restritivas, como o uso de tornezeleira eletrônica e a privação de algumas facilidades.

Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres está preso em Brasília. Durante depoimento, alegou que a minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal em sua residência era um documento descartável. Além disso, disse não se lembrar quem lhe entregou a tal minuta na sede do Ministério da Justiça. Torres solicitou a revogação da prisão ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas nada foi decidido até o momento. Como se não bastasse, alegou ter perdido o telefone celular nos Estados Unidos, para onde viajou com a família.

 
A situação de Anderson Torres piorou sobremaneira após os investigadores descobrirem mensagem trocada entre o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e interino no cargo, o delegado federal Fernando de Sousa Oliveira “Não deixe chegar no Supremo”, afirmou Torres, no dia 8 de janeiro. O áudio demonstra que o golpe foi planejado e contou com o apoio de muitas autoridades.

Presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto disse em depoimento valeu-se de metáfora ao afirmar, em entrevista ao jornal “O Globo”, que “todo mundo tinha uma cópia da minuta do golpe”. Costa Neto tentou sair pela tangente ao afirmar às autoridades que muitas pessoas entregaram propostas de golpe, algumas das quais colocadas no bolso do paletó.

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) revelou à revista Veja um plano para gravar ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes, do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O parlamentar capixaba afirmou que durante reunião no Palácio da Alvorada o então presidente Jair Bolsonaro tentou cooptá-lo para colocar em prática o plano apresentado por Daniel Silveira, ex-deputado federal que está preso no Rio de Janeiro por decisão do STF.

Tão logo o plano golpista repercutiu na imprensa, Do Val foi procurado pelos filhos de Bolsonaro – Flávio e Eduardo – e mudou a versão inicial. Disse que o então presidente da República participou da reunião, mas teria permanecido calado diante da proposta de Silveira. Desde então, o senador do Podemos vem mudando versões. Na quarta-feira (8), o senador disse que a alternância de versões tinha o objetivo de confundir a imprensa.

Flávio Bolsonaro, senador pelo PL do Rio de Janeiro, afirmou, de chofre, não haver crime algum na declaração de Marcos Do Val à revista Veja. Agora, na desesperada tentativa de proteger Bolsonaro, Flávio diz que o pai não se recorda do encontro com Do Val e Silveira. As contradições são tão absurdas, que apenas um desavisado é capaz de dar crédito a declarações desconexas e que refletem o desespero dos envolvidos na fracassada tentativa de golpe.

Na opinião do UCHO.INFO, todos devem ser punidos com o rigor da lei, respeitados o devido processo legal e o amplo direito de defesa, mas as autoridades não podem poupar os militares que facilitaram os ataques terroristas e dificultaram a prisão dos golpistas que desde o segundo turno da eleição presidencial estavam aglomerados diante do quartel-general do Exército, em Brasília


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