Garimpo ilegal e contrabando de ouro da Amazônia contaram com a participação criminosa de autoridades

 
Tão logo Jair Bolsonaro tomou posse como presidente da República, em janeiro de 2019, o UCHO.INFO afirmou de forma enfática que os brasileiros deveriam se preparar para escândalos envolvendo o setor de mineração. Além disso, o editor deste noticioso reforçou o mesmo alerta em diversas edições do programa “Que País É Esse?”, que era levado ao ar diariamente pelo Youtube.

O escândalo envolvendo o garimpo ilegal no território Yanomami, em Roraima, comprovou que estávamos certos quando antecipamos os fatos, sendo que naquele momento sofremos pressões e ataques por parte da súcia bolsonarista.

Na quarta-feira (15), a Polícia Federal deflagrou operação contra uma quadrilha acusada de contrabandear ouro extraído de garimpos ilegais na região amazônica. Uma empresa com sede nos Estados Unidos seria a principal responsável pela exportação do produto, de acordo com as investigações da PF. O nome da companhia não foi divulgado. O produto era vendido para vários países, como Itália, Suíça, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos.

De acordo com o inquérito, o grupo usava notas frias para “esquentar” o minério explorado de forma criminosa, ou seja, dar suposta legalidade à origem dos produtos comercializados. Entre 2020 e 2022, o montante das notas frias ultrapassou os R$ 4 bilhões, o que com base na cotação do mercado corresponde a 13 toneladas de ouro ilícito. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 2 bilhões dos investigados.

 
O Ministério da Justiça anunciou que o governo está focado na identificação dos financiadores dos garimpeiros e nos responsáveis pela lavagem do dinheiro da atividade criminosa. Na última sexta-feira (10), a PF realizou operação para apurar suspeitas de lavagem do dinheiro advindo do ouro ilegal. Um dos alvos de busca da operação é Vanda Garcia, irmã do governador de Roraima, Antônio Denarium.

É importante ressaltar que uma operação criminosa dessa magnitude, envolvendo cifras elevadas, só é viável com a conivência das autoridades. Ultrapassa os limites da inocência imaginar que a extração ilegal e o contrabando de ouro tenham ocorrido sem a aquiescência e participação de agentes do Estado brasileiro. A omissão dos órgãos fiscalizadores não foi por acaso. Ademais, é mandatório considerar o fato de que até o momento os financiadores do garimpo em terras protegidas estão impunes, talvez já tenham fugido.

Faz-se necessário destacar que Denarium defendeu recentemente a tese de que os indígenas deveriam se aculturar. Além disso, Jair Bolsonaro, enquanto presidente, visitou um garimpo ilegal que funcionava em Roraima.

Quem conhece os subterrâneos do poder sabe que uma investigação mais aprofundada do caso alcançará muitos políticos. Não há crime consentido sem a participação de representantes do Estado, que fazem do desrespeito à lei uma senha para a corrupção. Essa prática ocorre com frequência na seara do tráfico de drogas.


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