Todo governo precisa de oposição responsável e competente, algo que no Brasil é difícil de acontecer, sem contar os políticos que sobrevivem do aluguel de apoio a governantes no Parlamento. Esse cenário faz com que a democracia brasileira esteja sempre ameaçada.
Há dias, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), usou as redes sociais para anunciar que o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, retornaria ao Brasil no próximo dia 15 de março, data em que a caserna, até o ano passado, comemorava o golpe militar de 1964.
“Acabou a espera! Bolsonaro vem aí! No dia 15 de março, o nosso Johnny Bravo volta para o Brasil. Já pode pendurar a bandeira verde e amarela e vestir as cores do nosso País. Juntos, vamos fazer uma oposição forte e responsável, pelo bem do nosso Brasil. Deus, pátria e família!”, escreveu o senador.
Na sequência, Flávio Bolsonaro voltou às redes sociais para, pedindo desculpas aos seguidores, afirmar que havia se excedido na postagem e em breve informaria a data correta do retorno do pior presidente brasileiro de todos os tempos.
“Peço desculpas pela postagem anterior, deve ser a saudade grande! Na verdade a data de retorno do nosso líder @jairbolsonaro no dia 15/março era provável, mas não confirmada ainda. Assim que houver uma data definitiva ele mesmo divulgará, tá ok!”, completou o parlamentar.
A grande imprensa noticiou o “vai e vem” de Flávio Bolsonaro nas redes sociais, mas não comentou de maneira adequada a afirmação de que uma oposição ao atual governo depende do ex-presidente.
Defensor do autoritarismo e fã de ditadores e torturadores, Jair Bolsonaro é um desqualificado político, como prova sua própria trajetória, que em breve poderá perder os direitos políticos, o que significa tornar-se inelegível. Isso porque Bolsonaro é alvo de 16 processos de investigação que tramitam na Justiça Eleitoral, sem considerar os que avançam na Justiça comum.
Refugiado nos Estados Unidos desde 29 de dezembro de 2022, quando faltavam dois dias para o fim do seu mandato, Jair Bolsonaro já demonstrou que não tem condições de ser um líder oposicionista. Ademais, a possibilidade de ser preso a qualquer momento esvazia suas intenções políticas, se é que de fato ele deseja liderar a oposição.
A política brasileira está em tão avançado processo de deterioração, que alguém do naipe de Jair Bolsonaro sonha em liderar a oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Não obstante, o escândalo envolvendo as joias milionárias doadas pelo governo saudita ao próprio Bolsonaro e à ex-primeira-dama coloca o ex-presidente na condição de pária da política.
Mesmo diante de um cenário realista como o acima descrito, há quem ouse imaginar que Jair Bolsonaro reúne condições para ser um líder oposicionista. Na melhor das hipóteses tocará o berrante para reunir o próprio “gado”.
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