Joias da Arábia: escândalo continua rendendo polêmicas e estremeceu relação entre Bolsonaro e Michelle

 
Em matéria publicada na edição do dia 7 de março, o UCHO.INFO afirmou que está em seus primeiros capítulos o escândalo das joias oferecidas pelo governo da Arábia Saudita e que Jair Bolsonaro tentou contrabandear para o Brasil usando a estrutura oficial.

As desculpas e alegações apresentadas até o momento são desconexas e têm contribuído para piorar cada vez mais a situação dos envolvidos direta e indiretamente no imbróglio. Inicialmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro alegou que não havia solicitado nem recebido qualquer presente às autoridades sauditas. Em segundo momento, afirmou ter ficado com outra caixa com joias, sob o pretexto de que os objetos têm caráter personalíssimo.

É importante ressaltar que são considerados presentes personalíssimos medalhas, condecorações, diplomas, honrarias, alimentos, roupas e cosméticos, como, por exemplo, perfume. As joias masculinas que Bolsonaro se apropriou indevidamente não se encaixam nessa classificação.

Então secretário da Receita Federal, Júlio César Vieira Gomes declarou, de chofre, que não interferiu para que as joias apreendidas, avaliadas em R$ 16,5 milhões, fosse liberadas pelos servidores do órgão que atuam no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Vieira Gomes não apenas fez pressão para que as joias fossem liberadas faltando dois dias para o fim do governo Bolsonaro, mas conversou algumas vezes com o então presidente sobre o assunto.

Desde outubro de 2021, quando as joias foram apreendidas pela Receita Federal, Bolsonaro tentou por ao menos sete vezes liberar o milionário presente, que de acordo com o então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) era para Michelle Bolsonaro.

 
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O segundo presente saudita – uma caixa contendo relógio, caneta, par de abotoaduras, anel e masbaha (espécie de rosário utilizado por muçulmanos) –, avaliado em R$ 400 mil, foi entregue a Bolsonaro treze meses depois de ter ingressado irregularmente no Brasil.

Em tese, com base em documentos oficiais, os tais presentes foram incorporados ao patrimônio da Presidência da República, mas na prática foram entregues diretamente a Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. O ex-presidente admitiu ter ficado com os bens.

Bento Albuquerque e Marcos André Soeiro terão de prestar depoimento à Polícia Federal, que investiga a prática de eventuais crimes e a possibilidade de as joias serem uma espécie de propina do governo saudita no caso da compra de uma refinaria de petróleo no Brasil.

O escândalo tem provocado dividendos políticos negativos, como por exemplo, a indefinição do retorno de Jair Bolsonaro ao Brasil, já que sua situação é delicada, e a preocupação da cúpula do Partido Liberal em relação a Michelle Bolsonaro, que assumirá a presidência do “PL Mulher”.

Além dos detalhes acima, o escândalo fez estremecer ainda mais a relação entre Bolsonaro e Michelle, que desde o final do governo anterior já dava sinais de desgaste. O fato de Michelle ter tomado conhecimento das tais joias pela imprensa contribuiu para piorar a relação do casal.


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