Setores da imprensa criticam eventual indicação de Zanin ao STF, mas se calaram no caso de André Mendonça

 
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski deixará a Corte em maio próximo, quando completará 75 anos, o que impõe aposentadoria compulsória. A indicação de um nome para substituir Lewandowski tem provocado ebulições não apenas no meio jurídico, mas também e principalmente na imprensa, onde os defensores do radicalismo direitista recorrem à incoerência para tecer críticas.

Um dos cotados para o STF é o advogado Cristiano Zanin Martins, que defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas ações penais decorrentes da Operação Lava-Jato. Outro nome cogitado é do advogado Manoel Carlos de Almeida Neto, ex-secretário-geral do STF e próximo de Lewandowski. Também está no páreo o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, que tem boa interlocução com o Congresso Nacional.

Enquanto os três nomes citados alimentam os prognósticos, setores do governo pressionam para que o presidente Lula indique um afrodescendente para a Corte. Há também movimentos nos bastidores para que o petista indique uma mulher, já que a aposentadoria compulsória da ministra Rosa Weber, presidente da Corte, acontecerá em setembro.

Lula ainda não decidiu sobre o assunto, mas publicamente tem dado sinais de que poderá indicar Zanin Martins. Na opinião do UCHO.INFO, Martins não tem destacada trajetória jurídica para compor a mais alta instância do Judiciário brasileiro. Ademais, o advogado do petista, que ainda não goza de estofo jurídico para tanto, tem apenas 47 anos, algo que lhe permite aguardar a vez.

 
Alguns jornalistas que defendem os devaneios totalitaristas de Jair Bolsonaro têm afirmado que a eventual indicação de Zanin Martins representará uma mancha na história do STF. A Constituição Federal de 1988 estabelece que os ministros do Supremo devem ser brasileiros natos, com mais de 35 anos e menos de 75 anos, ter notável saber jurídico (não obrigatoriamente precisa ser graduado em Direito) e reputação ilibada.

A implicância de setores bolsonaristas da imprensa com Cristiano Zanin Martins é descabida, uma vez que o advogado de Lula reúne todas as condições para integrar a Suprema Corte. Há uma diferença colossal entre o exercício do jornalismo, com base na coerência e na verdade dos fatos, e o ativismo jornalístico por questões ideológicas.

Se a preocupação do momento é evitar eventual “mancha” na história do STF, os profissionais da imprensa adeptos do bolsonarismo deveriam ter reagido com o mesmo ímpeto quando o golpista Jair Bolsonaro indicou o sabujo André Mendonca apenas por ser “terrivelmente evangélico”.

Sabem os leitores que não temos políticos de estimação nem fazemos jornalismo de encomenda, assim como não integramos o “fã-clube” de Cristiano Zanin Martins, mas reconhecemos que sua atuação na defesa de Lula deve ser reconhecida, principalmente considerando os absurdos cometidos pelos falsos paladinos da Operação Lava-Jato.


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