De volta ao GDF, após afastamento forçado, Ibaneis enfrenta o dilema de uma ampla “faxina” no governo

 
Afastado do governo do Distrito federal por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Ibaneis Rocha (MDB) voltou oficialmente ao cargo na última semana, com direito a discurso, lágrimas e postagens reflexivas nas redes sociais

O afastamento do emedebista se deu na esteira dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando a turba de apoiadores de Jair Bolsonaro, que continua refugiado nos Estados Unidos, acreditou ser possível derrubar o atual governo apenas porque parte da população nutre intolerância em relação a Lula e à esquerda.

Ibaneis passou uma temporada longe do Palácio dos Buritis (65 dias) em razão da omissão da Polícia Militar do DF diante dos atos de vandalismo patrocinados pela turba bolsonarista. Por ser o chefe maior da PM do Distrito Federal, o governador foi responsabilizado, mesmo que indiretamente, pelo vandalismo que tomou conta da Praça dos Três Poderes.

Na última quinta-feira (16), dia em que o ministro do STF decidiu por seu retorno ao cargo, Ibaneis Rocha usou a conta no Twitter para afirmar que durante o afastamento “refletiu e cresceu ao lado da família”.

“O dia de hoje marca o início de uma nova fase na história do nosso Distrito Federal. Durante o tempo em que precisei me afastar, pude refletir e crescer ao lado da minha família e amigos. Volto com o coração cheio de gratidão e a cabeça tranquila”, escreveu.

 
Diferentemente do conteúdo da postagem, Ibaneis Rocha trabalhou duro durante o período em que esteve afastado. Precisou restabelecer pontes políticas para não fragilizar ainda mais a situação, que poderia desaguar em um processo de impeachment que não prosperou na Câmara Legislativa do DF.

Em outra postagem, também publicada na última quinta-feira, Ibaneis Rocha escreveu “Tenho certeza de que, com muita força de trabalho e vontade de fazer o melhor, podemos construir um futuro ainda mais próspero e justo para todos. Vamos juntos, meu povo! No DF, é tempo de paz.”

Experiente, o governador do DF tem ciência de que filosofia não funciona no campo da política nem é sinônimo de manutenção no cargo. Isso significa que Ibaneis já sabe quem jogou contra e quem cruzou os braços enquanto esteve afastado. Além disso, o governador identificou quem poderia ter evitado o pior e nada fez.

Nas referidas postagens, Ibaneis citou “cabeça tranquila” e “tempo de paz”, mas não é essa a realidade que impera nos intramuros do Palácio dos Buritis. Afinal, não está descartada uma eventual faxina para defenestrar traidores conhecidos que insistem em se apresentar como aliados do governador.

Segundo apurou o UCHO.INFO, a assepsia política alcançará inclusive os círculos mais próximos do governador, começando por colaboradores vistos como “intocáveis”, que certamente fariam o cineasta Brian de Palma produzir uma nova versão do filme homônimo.

No filme, de 1987, o cineasta retrata a saga a história de Al Capone, que, após construir um império criminoso com bebidas alcoólicas, passa a controlar Chicago com mão de ferro. Na trama, Eliot Ness, um agente do Tesouro Americano, foi malsucedido na empreitada de fazer cumprir a Lei Seca na Chicago de Al Capone.


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