Copom dificilmente reduzirá a Selic agora, mas o governo insiste em ataques e ameaças ao BC

 
A semana iniciou com a promessa de que a questão fiscal brasileira seria solucionada. Primeiro porque o tão esperado arcabouço fiscal, que começou a ser discutido na última sexta-feira por integrantes do governo, não foi alvo de consenso. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad defende o corte de gastos e o controle das contas federais, enquanto a ala política do Palácio do Planalto quer abrir o cofre para financiar programas sociais.

Outro motivo que alimentava a possibilidade de um horizonte econômico menos carrancudo está diretamente ligado à reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que na noite desta quarta-feira (22) deve anunciar a taxa básica de juro, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Na opinião do UCHO.INFO, a Selic não sofrerá alterações no primeiro semestre do ano.

O presidente Luiz Inácio da Silva tem insistido em ataques ao Banco Central, Roberto Campos Neto, cujo mandato à frente da autoridade monetária termina em 2024. O discurso de Lula tem encontrado eco na presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que recentemente afirmou que Campos Neto deveria “ter vergonha e ir embora”.

Ministro-chefe da Casa Civil, o petista Rui Costa segue a mesma cartilha de Lula e faz ameaças ao presidente do BC. Nesta quarta-feira, Costa falou em “desserviço” por parte do Banco Central, como se alterar a taxa de juro dependesse apenas do acionamento de um interruptor.

 
“O Brasil é disparado a maior taxa real de juros do mundo. Então, a economia está sendo asfixiada. O comércio está sendo asfixiado em seu financiamento. Nós estamos com uma crise de crédito. Acho que não é explicável essa posição do Banco Central de ficar irredutível a uma taxa tão exorbitante de juros. Ou o mundo inteiro está errado e só o Banco Central Brasileiro está certo”, afirmou.

“O que o presidente do Banco Central está fazendo é um desserviço à nação brasileira”, disse o ministro da Casa Civil durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.

Quando anunciou sua candidatura à Presidência da República, em meados de 2022, Lula tinha consciência da real situação econômica do País. Sabia o petista que reverter o caos seria um desafio enorme e que demandaria tempo e paciência. O petista sabia que o estrago promovido por Jair Bolsonaro na economia era enorme, mas preferiu fazer promessas, muitas das quais inexequíveis no curto prazo.

No Brasil criou-se o hábito entre governantes de divulgar o balanço dos cem primeiros dias de governo, que no caso de Lula acontecerá em breve. O petista trabalha intensamente para manter o ânimo da opinião pública, evitando ser vítima do discurso de estelionato eleitoral. Sendo assim, a Lula resta apresentar o “déjà vu”.

Esse quadro persiste porque, infelizmente, o brasileiro não se interessa por política, mas crê que indo às urnas a cada dois anos é suficiente para manter a democracia, fragilizada nos últimos tempos por radicalismos e discursos de ódio.


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