Quando surgiu a informação de que Michelle Bolsonaro viajaria aos Estados Unidos para encontrar o marido, que encontra-se foragido em Orlando, para alinhar um discurso sobre o escândalo das joias sauditas, afirmamos que a ex-primeira-dama estava prestes a protagonizar mais um absurdo, pois o assunto poderia ser tratado fácil e rapidamente de forma virtual.
Antes desse episódio, destacamos que se Michelle desconhecia o fato de que era destinatária das joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões e apreendidas pela Receita Federal, e se Bolsonaro não havia solicitado qualquer presente aos sauditas, sequer havia razão para combinar discurso uníssono.
A grande questão envolvendo as joias sauditas é que ao alegar desconhecimento do fato, Michelle deixou o ex-presidente da República em situação de dificuldade. Além disso, o fato de Bolsonaro ter tentado em oito ocasiões reaver as joias apreendidas pela Receita, sem que a então primeira-dama soubesse do assunto, deixa patente que o contrabando ocorreu de maneira deliberada e o ex-presidente pretendia ficar com os objetos milionários.
No lançamento do PL Mulher, evento ocorrido em Brasília, Michelle Bolsonaro recorreu a um discurso marcado por metáfora para abordar o escândalo das joias e eventualmente afastar o marido do olho de um furacão com capacidade de produzir muito mais estragos.
Por meio de videoconferência, Jair Bolsonaro falou aos que participaram do evento na capital federal, mas seu discurso, também recheado de metáforas e mensagens enviesadas, não convenceu quem conhece o mecanismo da política nacional.
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É difícil afirmar que Michelle tivesse pretensões políticas, mas sua estreia à frente do PL Mulher tem sido vista como “moeda de troca” para uma pessoa que sabe demais acerca dos bastidores do poder, em especial do Palácio da Alvorada.
Não obstante, ciente da possibilidade de Bolsonaro se tornar inelegível por causa dos muitos ilícitos cometidos durante a campanha pela reeleição, a ex-primeira-dama está sendo tratada pelo PL como “longa manus” do ex-presidente, ou seja, faz o papel de avatar do golpista.
A superexposição política de Michelle nos últimos dias tem provocado efeitos colaterais no clã Bolsonaro, em especial nos filhos do ex-presidente, que no caso do escândalo das joias decidiram abandonar o pai à própria sorte.
Divulgado pelo jornalista Lauro Jardim, de “O Globo”, um levantamento feito pela consultoria DSC Lab mostra que nas redes sociais o clã bolsonarista adotou estranho silêncio nas redes sociais logo primeira semana em que o escândalo veio à tona. O levantamento também estaca que parlamentares aliados de Bolsonaro não se pronunciaram sobre o imbróglio das joias.
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