Escândalo das joias milionárias oferecidas por sauditas a Bolsonaro e Michelle piora com o passar dos dias

 
Como afirmamos em matérias anteriores, o escândalo envolvendo as bilionárias joias com que o governo saudita presenteou Jair Bolsonaro ainda está no começo, apesar de os apoiadores do ex-presidente torcerem para que o caso caia no esquecimento o quanto antes.

Refugiado nos Estados Unidos desde dois dias antes do fim do seu mandato, Bolsonaro não gostou das declarações do almirante Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia e diretamente envolvido no imbróglio.

Quando Marcos André Soeiro, seu então assessor, foi parado pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, Albuquerque disse aos fiscais da alfandega que as joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões eram para Michelle Bolsonaro, à época primeira-dama. Vídeos gravados por câmeras da Receita não deixam dúvidas a respeito da declaração do então ministro. Na viagem de volta ao Brasil, Albuquerque trouxe outra caixa com joias, avaliadas em R$ 400 mil, presente dos ditadores sauditas a Jair Bolsonaro.

Bento Albuquerque e Soeiro fora intimados pela Polícia Federal para depor no âmbito do inquérito que apura o escândalo. A pedido da defesa do ex-ministro, o depoimento foi reagendado para a próxima terça-feira (14).

O almirante de esquadra dirá aos investigadores que aguardou um desfecho sobre a apreensão das joias de diamantes destinadas a Michelle Bolsonaro para decidir o que fazer com os presentes enviados pelo regime de Riad a Bolsonaro (caneta, relógio, anel, abotoaduras e masbaha).

A se confirmar tal declaração, Bento Albuquerque incorrerá em sonora mentira, pois a caixa com os tais presentes foi entregue a Bolsonaro treze meses depois do episódio no Aeroporto de Guarulhos. Na ocasião da entrega, o Ministério de Minas e Energia era comandado por Adolfo Sachsida, home que integrou a equipe de Paulo Guedes, o “Posto Ipiranga”.

 
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O militar da Marinha que após a retenção do pacote com presente bilionário para Michelle Bolsonaro seguiu os procedimentos para que os bens fossem incorporados ao patrimônio do Estado brasileiro. A comitiva de Albuquerque deveria ter informado aos fiscais da Receita no ato da vistoria, o que não aconteceu.

Além disso, Bento Albuquerque não conseguiu explicar até o momento por qual razão não informaram aos fiscais a existência do segundo pacote, este com presentes destinados a Bolsonaro.

A joias de Michelle

Em relação às joias milionárias enviadas a Michelle Bolsonaro, o ex-ministro de Minas e Energia tentará desconstruir a narrativa inicial. Dirá aos investigadores que a menção feita aos fiscais da Receita de que as peças de diamantes eram para a então primeira-dama deu-se de maneira genérica, enquanto interagia com os profissionais da alfândega. Ele defenderá a tese pouco crível de que recebeu as joias como presente ao governo brasileiro.

No vídeo da apreensão das joias de diamantes, revelado pelo Jornal Nacional, Albuquerque disse: “Isso tudo vai entrar lá para a primeira-dama”. Em entrevista ao “Estadão”, que divulgou o escândalo com exclusividade, ele também afirmou que as peças eram para Michelle.

A defesa do ex-ministro pretende pedir à Receita Federal a íntegra do citado vídeo para incluir no processo. Depois da farsa protagonizada por Jair Bolsonaro e seus quejandos, durante longos e cansativos quatro anos, não será surpresa se Albuquerque afirmar que sua fala foi tirada de contexto.

Como destacamos acima, caso insista nessa nova versão, Bento Albuquerque cairá em contradição. Isso porque Jair Bolsonaro, ao enviar um estafeta ao Aeroporto de Guarulhos para resgatar o presente saudita, solicitou que os valiosos itens fossem cadastrados no sistema federal como “acervo privado”. Em outras palavras, Bolsonaro queria para si o presente que em tese seria destinado a Michelle.


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