Em novembro de 2021, durante festa de Natal no Palácio da Alvorada, Michelle Bolsonaro surgiu fantasiada de Branca de Neve. A epopeia de então foi um misto de populismo barato com vexame institucional, mesmo que primeira-dama não seja cargo oficial.
Diante de câmeras e microfones, assim como nos palcos de igreja evangélicas Brasil afora, Michelle sempre insistiu em passar a imagem de metade “cinderela” e metade “gata borralheira”. A investida caiu com luva sobre os incautos, mas não convenceu aqueles que conhecem os bastidores do poder, mas por motivos óbvios mantêm discrição em relação ao tema.
Quando o escândalo das joias sauditas veio à tona, Michelle Bolsonaro se fez de rogada e afirmou que desconhecia o assunto e sequer sabia que era destinatária de presente avaliado em R$ 16,5 milhões, trazido ilegalmente ao Brasil pelo então ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque.
Jair Bolsonaro, que por ocasião do escândalo estava refugiado em Orlando, no estado norte-americano da Florida, evitou falar sobre o assunto publicamente, até que Michelle foi ao seu encontro nos Estados Unidos, onde certamente alinharam as balizas de um discurso uníssono.
Michelle, por sua vez, voltou ao Brasil antes do marido e evitou tocar no caso das milionárias joias sauditas, as quais Bolsonaro tentou arrancar da Receita Federal na base da “carteirada”, mas não teve sucesso. Depois descobriu-se que um segundo pacote com joias sauditas havia sido entregue a Bolsonaro, que se valeu de uma fazenda do ex-piloto Nelson Piquet para esconder o mimo em questão e outros mais.
Nesta terça-feira (25) o dia começou com a notícia, publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, de que Michelle Bolsonaro recebeu um segundo pacote com joias enviadas pelos sauditas, que como no caso anterior entrou no País de forma ilegal. A informação consta de depoimento prestado à Polícia Federal por uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) da Presidência da República.
A terça-feira avançava e a notícia do Estadão provocava estragos nos bastidores de Brasília, até que Michelle, ao chegar ao Congresso Nacional para encontro com lideranças do PL, foi questionada sobre o caso. Ela alegou que quando disse desconhecer os milionários presentes enviados pela ditadura saudita, referiu-se apenas aos itens avaliados em cerca de R$ 16,5 milhões e retidos pela Receita durante fiscalização. De acordo com a ex-primeira-dama, seu desconhecimento não incluiria “joias masculinas”, mas apenas as femininas, que, conforme disse o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, eram destinadas a ela.
“Essas joias que chegaram no Alvorada foram joias masculinas. Então, estão me associando ao primeiro caso (do conjunto de diamantes apreendido pela Receita Federal), quando eu falei que não sabia, e não sei mesmo, tanto que essas joias continuam apreendidas, e essa, do Alvorada, está na Caixa Econômica Federal. O que que eu tenho a ver com isso?”, questionou Michelle, ao ser abordada por jornalistas.
O pacote recebido por Michelle Bolsonaro contém um relógio da marca Chopard, que custa cerca de R$ 800 mil. O modelo suíço, conhecido como L.U.C. Tourbillon Qualité Fleurier Fairmined, teve apenas 25 unidades produzidas em todo o planeta. As outras quatro joias são uma caneta, um anel, um par de abotoaduras e um masbaha (terço muçulmano), todos em ouro e cravejados de diamantes.
À Polícia Federal, o Departamento de Documentação Histórica informou que o conjunto, quando despachado para o Palácio da Alvorada, foi estimado em cerca de US$ 500 mil, o equivalente a R$ 2,5 milhões.
Causa espécie no imbróglio das joias sauditas o fato de que tanto Jair Bolsonaro quanto Michelle, que falsamente pregam a palavra de Cristo por toda parte, não se cansam de repetir o versículo bíblico João 8:32: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
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