Preso na Operação Venire, o “faz tudo” Mauro Cid precisa explicar como trouxe US$ 35 mil para o Brasil

 
A Operação Venire, da Polícia Federal, mirou na falsificação de certificados de vacinação de Jair Bolsonaro e seus sequazes, mas acabou acertando em outros casos escabrosos, como o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, o plano de golpe fermentado pela turba bolsonarista e eventual lavagem de dinheiro por parte de Mauro César Barbosa Cid, o tenente-coronel do Exército que comandava a ordenança do então presidente.

Os erros cometidos nas falsificações são toscos e primários, a ponto de sentir vergonha alheia. Isso aconteceu porque Bolsonaro estava confiante na reeleição, por esse motivo impôs sigilo de 100 anos ao seu prontuário vacinal.

Em relação ao dinheiro em espécie (US$ 35 mil e R$ 16 mil) apreendido pela PF na casa de Mauro Cid, durante cumprimento de mandado de prisão e busca e apreensão, o militar agora é investigado por lavagem de dinheiro. Após a apreensão, os investigadores identificaram uma conta bancária aberta em nome de Cid no Banco do Brasil, em Miami, de onde os dólares foram sacados em março. A PF tenta obter detalhes da movimentação financeira internacional de Mauro Cid a partir da quebra do sigilo da conta.

Na última quinta-feira (4), o advogado Rodrigo Roca, responsável pela defesa do militar, falou sobre a conta bancária e a apreensão dos valores. “Esse dinheiro não vem de cueca ou mala, vem de trabalho. É fato conhecido que todo militar que faz missão no exterior tem em seu favor aberta uma conta bancária no Banco do Brasil em Miami. Lá são depositados os soldos, foi comprovado imediatamente. Essa verba sequer poderia ter sido apreendida”, disse.

 
O papel do advogado é defender o cliente, até porque recebe para tal, não importando a gravidade do delito, mas não se pode aceitar passivamente as explicações de Roca, que deu conotação política em sua declaração. Se o dinheiro de Cid “não vem de cueca ou mala”, em clara provocação ao PT, é importante lembrar que Bolsonaro usou um almirante para tentar trazer ilegalmente ao Brasil joias avaliadas em R$ 16,5 milhões. Cid tentou, sem sucesso, recuperar as joias apreendidas pela Receita Federal.

Considerando que o dinheiro apreendido pela PF tem origem lícita, resta saber como Mauro Cid ingressou no Brasil com US$ 35 mil, sendo que o próprio BB, por meio da plataforma de câmbio, poderia disponibilizar o montante em qualquer parte do território brasileiro.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a PF a rastrear a movimentação financeiro de Mauro Cid, que, segundo consta, atuava como caixa 2 de Bolsonaro. O militar pagava em dinheiro as contas da família do então presidente, além de gerenciar os recursos sacados com catões corporativos.

As contas eram pagas em agência do Banco do Brasil localizada no Palácio do Planalto. Cid pagou em dinheiro faturas de um cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro e emitido em nome de uma amiga da ex-primeira-dama.

Pai do tenente-coronel, o general da reserva Mauro César Lourena Cid tem demonstrado irritação com a situação do filho, abandonado pelo clã Bolsonaro e pela cúpula do Exército, que decidiu acompanhar o imbróglio à distância. Em visita ao Quartel-General, em Brasília o general mostrou-se inconformado.

Lourena Cid, contemporâneo de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), estava lotado no escritório de Miami da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.