Deputado republicano George Santos é acusado nos Estados Unidos de cometer 13 crimes

 
O congressista republicano George Santos declarou ser inocente nesta quarta-feira (10), após ser acusado de fraude, lavagem de dinheiro, apropriação indevida de fundos públicos, entre outras imputações por crimes pelos quais ele pode pegar até 20 anos de prisão, em caso de condenação.

Filho de imigrantes brasileiros, Santos, de 34 anos, se entregou às autoridades de Long Island, em Nova York, nesta quarta-feira, foi levado a uma juíza federal, tendo sido colocado em liberdade cinco horas depois, mediante o pagamento de fiança no valor de US$ 500 mil.

A promotoria o acusou de um total de 13 crimes: sete acusações de fraude eletrônica, três acusações de lavagem de dinheiro, uma acusação de apropriação indébita de fundos públicos e duas acusações de fazer declarações falsas à Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

A peça de a acusação “buscar responsabilizar Santos por vários supostos esquemas fraudulentos e declarações falsas descaradas”, afirmou, em comunicado, Breon Peace, procurador do Distrito Leste de Nova York.

“Tomadas conjuntamente, as alegações no indiciamento acusam Santos de contar com repetidas desonestidades e fraudes para subir aos salões do Congresso e enriquecer a si mesmo”, disse o procurador.

“Ele usou contribuições políticas para encher os bolsos, solicitou ilegalmente benefícios de desemprego que deveriam ter ido para os nova-iorquinos que perderam seus empregos devido à pandemia e mentiu para a Câmara dos Deputados”, acrescentou Peace.

“É uma caça às bruxas”, disse Santos pouco ao sair do tribunal, ecoando uma afirmação muitas vezes expressa pelo ex-presidente Donald Trump. “Vou lutar minha batalha. Vou à luta. Vou para combater a caça às bruxas. Eu vou cuidar de limpar meu nome, e estou ansioso para fazer isso.”

Mentiras em série

George Santos foi eleito para seu primeiro mandato na Câmara pelo 3º distrito do estado de Nova York, que inclui o bairro do Queens e Long Island. Entretanto, uma reportagem do jornal “The New York Times” (NYT) publicada em dezembro revelou uma série de mentiras sobre sua biografia.

O jornal descobriu que o candidato inventou várias informações de seu currículo, como a que teria recebido em 2010 um diploma em Finanças no Baruch College, em Nova York, além das passagens pelo Citigroup Bank e Goldman Sachs Investment Bank.

Enriquecimento meteórico

O NYT também lançou dúvidas sobre o funcionamento da associação de proteção animal Friends of United Animals, que teria sido criada pelo republicano, e considera ainda que a sua empresa de consultoria financeira, a Devolder Organization, seria “uma espécie de mistério”.

Em sua declaração de contas apresentada em setembro à Câmara dos Representantes, Santos garantiu que a empresa lhe pagou um salário de US$ 750 mil (quase R$ 4 milhões) e dividendos entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões.

Mas, de acordo com o NYT, o formulário não incluía “qualquer informação sobre clientes que possam ter contribuído para tais depósitos, numa aparente violação da exigência de divulgar qualquer compensação acima de 5 mil dólares de uma única fonte”.

Renúncia descartada

Apesar da pressão do próprio partido e da oposição democrata para que ele renunciasse, Santos vem se recusando a deixar o cargo.

Em março, o Comitê de Ética da Câmara dos Representantes dos EUA abriu investigação sobre George Santos para apurar possíveis atividades ilegais por parte do congressista em sua campanha eleitoral; se ele mentiu ao fornecer informações exigidas pela Câmara ou violou leis federais durante seu suposto envolvimento com uma empresa de finanças e se ele teve conduta sexual inadequada contra uma pessoa que se candidatou a um emprego em seu gabinete.

Inicialmente, a vitória dele (um republicano assumidamente homossexual que conquistou para o seu partido um lugar na Câmara de Representantes ocupado pelos democratas há uma década), foi vista como um dos pontos positivos do seu partido em uma eleição bastante decepcionante para os republicanos.

Contudo, quando começaram a surgir relatos de que Santos havia mentido sobre ter ascendência judia – e até que sua família tinha sobrevivido ao Holocausto –, o congressista se transformou em um constrangimento para o partido. Posteriormente, ele admitiu ter inventado boa parte do conteúdo de seu currículo.

Nesta quarta-feira, o senador republicano Mitt Romney pediu sua renúncia imediata. “Parece que as coisas não estão indo bem para o Sr. Santos” no tribunal, disse o ex-candidato presidencial. (Com agências internacionais)


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