Congresso avalia inserir “jabuti” na vergonhosa PEC da Anistia para salvar mandato de Deltan Dallagnol

 
A cada dois anos, políticos colocam-se como defensores dos interesses do povo, sempre de olho nas eleições. Passado o período de votação e apurados os resultados das urnas, o discurso muda radicalmente. O que um dia foi promessa abre caminho para interesses espúrios, talvez criminosos.

Ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), responsável ao lado de Sérgio Moro pelo período de seguidas ameaças à democracia, teve o mandato de deputado federal cassado, na noite de terça-feira (16), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.

Como sempre deve acontecer na democracia, as opiniões sobre a decisão unânime do TSE foram divergentes, mas reclamar de nada adianta, pois Dallagnol já está fora do cargo, em que pese o direito a recursos.

Abusando da vitimização, Dallagnol reagiu com ironia e deboche diante da decisão do TSE, alegando que foi vítima de vingança e perseguição política. Além disso, o ex-procurador da República disse que 344 mil vozes foram caladas, em referência ao número de eleitores paranaenses que lhe confiaram o voto.

“Há quem tenha sido cassado por questionar as urnas. Hoje, o TSE anula todas as urnas do Paraná, frauda e mina a democracia”, disse o agora parlamentar cassado em conversa com jornalistas na Câmara dos Deputados.

 
Matérias relacionadas
. Por unanimidade, TSE cassa mandato de Dallagnol; aventura política do ex-procurador acabou mais cedo
. Cassação de Dallagnol provoca reações diversas; “pai” da Lei Ficha Limpa diz que TSE acertou

Que ninguém pense que após a decisão do TSE o “espírito de corpo” não emergiu das catacumbas do Parlamento. Deputados e senadores avaliam a possibilidade de inserir no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia um dispositivo para salvar o mandato de Deltan Dallagnol.

Uma das propostas, que avançam sobre o terreno do absurdo, visa submeter ao crivo da Câmara dos Deputados e do Senado qualquer decisão da Justiça Eleitoral referente à perda de mandato. A PEC da Anistia, já aprovada na CCJ da Câmara, perdoa irregularidades eleitorais cometidas por partidos e políticos nos últimos anos.

O discurso de que vozes estão sendo caladas é oportunista, pois no Estado de Direito as leis devem ser respeitadas em sua inteireza, garantidos o amplo direito de defesa e o devido processo legal. Falar em democracia enquanto se defende manobras espúrias contra a legislação vigente é desvario da extrema direita, que ainda não assimilou a derrota nas urnas.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do chamado Centrão, o que há de pior e mais nocivo na política brasileira, disse, há dias, que a tentativa do governo Lula de alterar a privatização da Eletrobras é desrespeitar o que foi decidido pelo Parlamento. Como se fosse paladino da moralidade pública, Lira recorre à insegurança jurídica para criticar a pretensão do governo. Agora, o alagoano se cala diante da manobra orquestrada por Dallagnol.


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.