Desde a campanha presidencial de 2018 até o último dia do desastrado governo de Jair Bolsonaro, afirmamos que o Brasil estava diante de um golpista. No começo alertamos para o fato de que Bolsonaro, se eleito, em algum momento tentaria dar um “cavalo de pau” na democracia. Nos dois últimos anos de sua gestão, fomos mais incisivos e usamos deliberadamente o termo “golpista” para fazer referência ao pior presidente que o País teve ao longo da história.
Quando usávamos o termo golpista, a turba bolsonarista, popularmente conhecido como “gado’, ia à loucura e nos dedicava ataques de todos os naipes, de levianos a intimidadores. Mantivemos a postura firme diante dos fatos, pois sabíamos que em dado momento a verdade viria à tona.
Os atos golpistas de 8 de janeiro serviram para mostrar ao País, em especial à mandada bolsonarista, que estávamos certos quando decidimos rotular Bolsonaro como golpista. A decisão do então presidente de fugir para os Estados Unidos, enquanto o plano de golpe era gestado no Brasil, deixou claro seu apreço pelo golpismo, assim como destacou a essência de um pusilânime.
Nas operações deflagradas pela Polícia Federal, agentes encontraram a “minuta do golpe” na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que também buscou refúgio nos EUA enquanto o plano de golpe era levado adiante.
No âmbito das investigações sobre a fraude de cartões de vacinação contra Covid-19, que beneficiou Bolsonaro e seus quejandos, a PF encontrou no telefone celular de Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente da República, um plano de golpe.
Nas mensagens divulgadas pela revista Veja, na última sexta-feira (16), o tenente-coronel Mauro Cid, lamentou, em conversas apreendidas pela PF, o fato de o plano de golpe não ter sido levado adiante.
O trecho consta de uma série de mensagens trocadas entre Mauro Cid e o coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército. Na conversa, Cid recebe o desabafo do colega de farda após a constatação de que o golpe planejado não será concretizado: “Soube agora que não vai sair nada”, Cid “Decepção irmão. Entregaram o país aos bandidos”, diz Lawand. Menos de três minutos depois, Cid responde: “Infelizmente”. A mensagem é do dia 21 de dezembro de 2022.
Dias antes, usando a mesma plataforma de mensagens, Cid e Lawand avaliaram a “necessidade” de se “dar a ordem” para que o plano golpista, detalhado anteriormente, fosse colocado em prática. A trama estava descrita em um documento encontrado pela PF no celular de Mauro Cid.
O arquivo “Forças Armadas como poder moderador” tratava de interpretação distorcida da Constituição, segundo a qual os militares poderiam ser convocados a intermediar um conflito entre os Poderes. O objetivo era confrontar as decisões da Justiça, anulando as que atrapalhavam o plano golpista, como a diplomação de Lula, por exemplo, abrindo caminho para o retorno à ditadura militar.
Bolsonaro não apenas esteve a par da trama golpista, mas alimento o plano criminoso, pois assunto dessa natureza não é levado adiante sem o conhecimento do chefe do Executivo e dos seus principais assessores, como Walter Braga Neto e Augusto Heleno, dois golpistas enrustidos que saíram de cena logo após o fracasso da intentona.
Em qualquer país minimamente sério e com autoridades cientes de suas obrigações, todos os envolvidos no plano de golpe já estariam expulsos do Exército e presos. No Brasil, infelizmente, esses párias continuam livres e tramando nos bastidores contra a democracia e o Estado de Direito.
Para finalizar, queremos saber onde estão os pulhas que nos atacaram e ofenderam em todas as ocasiões em que nos referimos a Jair Bolsonaro como golpista e covarde. Copiando o comportamento desprezível do guru, estão escondidos. Como disse Tancredo Neves por ocasião do prefácio do golpe de 1964, “canalhas, canalhas, canalhas!”.
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