Quando, na campanha presidencial de 2018, afirmamos diversas vezes que Jair Bolsonaro, se eleito, em algum momento daria um “cavalo de pau” na democracia brasileira, seus apoiadores passaram a nos atacar, como se a trajetória política do então candidato não bastasse.
Nos dois últimos anos do pior governo de todos os tempos, insistimos em usar o termo “golpista” para fazer referência a Bolsonaro. Foi o bastante para a horda bolsonarista ir à loucura. O golpismo estava em marcha escancarada, sendo que os apoiadores do então presidente se negavam a admitir o óbvio, como fazem até os dias atuais.
Após a derrota nas urnas, Bolsonaro e seus asseclas adotaram uma estratégia rasteira para eventualmente minimizar condenações decorrentes de ações judiciais, como a do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente inelegível. A ordem continua sendo transformar os ataques ao processo eleitoral e às urnas eletrônicas em supostas sugestões para a melhoria da engrenagem das eleições ou meros questionamentos amparados pela liberdade de expressão.
Fato é que, em 8 de janeiro passado, o Brasil escapou por pouco de um golpe de Estado, que não foi levado adiante porque a maioria da cúpula das Forças Armadas não embarcou na aventura de Jair Bolsonaro, que, prevendo o abandono, decidiu agir nos subterrâneos do poder contra a democracia.
Um desses movimentos ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, onde Bolsonaro recebeu, no final de 2022, o ex-deputado federal Daniel Silveira, que está preso em Bangu 8, no Complexo Prisional de Gericinó, no Rio de Janeiro, e o senador Marcos do Val (Podemos-ES). Na ocasião, segundo relato do próprio senador, o trio discutiu uma trama golpista, que consistia em gravar encontro com o ministro Alexandre de Moraes, do STF e do TSE, com o objetivo de anular o processo eleitoral.
Em junho passado, Marcos do Val foi alvo de operação da Polícia Federal que apura obstrução de investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro. A PF encontrou troca de mensagens entre o senador e Daniel Silveira, indicando que agiram em conjunto na tentativa de sabotar investigações relacionadas aos atos golpistas, além de fazer ataques ao Supremo Tribunal Federal, à própria corporação policial e a outros envolvidos nas apurações. Os investigadores ficaram intrigados com as várias versões do senador sobre a suposta articulação de um golpe de Estado.
Por decisão do STF, Jair Bolsonaro será ouvido em depoimento pela Polícia Federal na próxima quarta-feira (12). O ex-presidente, como sempre, dirá que desconhece o teor da declaração de Marcos do Val.
Bolsonaro novamente deixará à beira do caminho um dos seus parceiros no plano maquiavélico de perpetrar um golpe de Estado. Esse comportamento, pautado pela covardia recorrente, em algum momento produzirá efeitos colaterais. Aliados não suportarão em silêncio e privados de liberdade o abandono do ex-presidente, que derrete politicamente na esteira de seus desvarios.
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