O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira (13) que o deputado federal Celso Sabino de Oliveira (União Brasil-PA) assumirá o comando do Ministério do Turismo, encerrando uma queda de braços que durou algumas semanas.
Sabino substituirá Daniela Carneiro (União-RJ), também conhecida como Daniela do Waguinho, que está à frente da pasta desde o início do governo. A ministra deverá retomar seu mandato de deputada federal, após ganhar algumas sobrevidas à frente da pasta, enquanto uma negociação com o União Brasil não havia sido concluída. De acordo com nota oficial do Planalto, a nomeação de Sabino será publicada nos próximos dias no Diário Oficial.
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na tarde desta quinta-feira (13) com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e com o deputado federal Celso Sabino (União-PA). O presidente convidou Sabino para o Ministério do Turismo, convite esse que foi aceito pelo deputado. A nomeação sairá no Diário Oficial da União nos próximos dias”, destaca a nota.
Celso Sabino recebeu o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e de caciques do Centrão para assumir a pasta. Evangélico e formado em Direito, ele foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal em 2018 pelo PSDB. Deixou a legenda em 2021, após se alinhar ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com reportagem do jornal “O Globo”, Sabino foi um dos 30 parlamentares que, em 2022, mais indicou emendas para o orçamento secreto – mecanismo pouco transparente de transferência de recursos públicos para atender a interesses de parlamentares criado em 2020, no segundo ano da gestão Bolsonaro. Aliado de Lira, Sabino distribuiu R$ 27,2 milhões no ano passado.
Na última legislatura, Sabino triplicou o seu patrimônio. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2018 ele declarou um patrimônio avaliado em R$ 1,5 milhão. Em 2022, declarou bens no valor de R$ 4,4 milhões. No Brasil, como se sabe, a política esconde a receita do milagre da multiplicação, tema que o clã Bolsonaro domina com maestria.
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Ligação com miliciano
Daniela Carneiro se viu envolvida em uma polêmica desde o início do seu mandato, quando a imprensa revelou, em janeiro, sua ligação com um miliciano condenado por homicídio e associação criminosa. A parlamentar tinha vínculo político com o ex-PM Juracy Alves Prudêncio, conhecido como Jura e acusado de comandar uma milícia na Baixada Fluminense.
O jornal “Folha de S.Paulo” mostrou que Carneiro também teve o apoio de Giane Prudêncio, ex-vereadora e esposa do ex-policial durante as campanhas de 2018 e 2022. Em 2018, Carneiro chegou a chamar o miliciano de “liderança”, ao publicar fotos ao lado de Jura e sua esposa nas redes sociais.
Na época, ele já estava condenado e preso. O ex-PM, porém, tinha autorização para deixar a prisão durante a semana para trabalhar. Ele cumpria expediente como assessor na prefeitura de Belford Roxo, cujo prefeito era o marido de Carneiro, Wagner dos Santos Carneiro, conhecido como Waguinho.
Após uma campanha com relatos de intimidação e atuação irregular de policiais, Carneiro foi a deputada mais votada do Rio de Janeiro, recebendo 213.700 votos. Sua indicação para o Ministério do Turismo também se deve a sua participação e a atuação de seu marido, Waguinho, prefeito de Belford Roxo, no segundo turno na campanha de Lula.
Após a revelação do envolvimento de Jura com o grupo político da então ministra, novas ligações controversas de Carneiro vieram à tona. Uma reportagem do jornal “O Globo” mostrou que outro acusado de integrar uma milícia também fez campanha para ela nas eleições de 2022.
Réu por extorsão e porte ilegal de arma de fogo, Fábio Augusto de Oliveira Brasil, conhecido como Fabinho Varandão, pediu votos para Carneiro em eventos em regiões dominadas por seu grupo paramilitar, incluindo um comício dela.
Na época, ela afirmou que recebeu apoio em vários municípios e destacou que isso não significa compactuar com quem comete ato ilícito. (Com agências de notícias)
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