Militar dos EUA “foge” para a Coreia do Norte; americanos evitam falar em deserção

 
Um militar americano cruzou nesta terça-feira (18) a fronteira da Coreia do Norte sem autorização durante visita à militarizada fronteira que divide as duas Coreias. Após o incidente, oficiais militares dos Estados Unidos disseram acreditar que soldado tenha sido detido pelas forças do regime norte-coreano, mas evitaram afirmar categoricamente que se trata de deserção.

A informação foi divulgada inicialmente pelo Comando da Organização das Nações Unidas (UNC, sigla em inglês), responsável por operar a margem sul da Zona Desmilitarizada entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.

“Um cidadão americano atravessou a Linha de Demarcação Militar (MDL) para a República Popular Democrática da Coreia (RPDC, nome oficial da Coreia do Norte) sem autorização durante uma viagem de orientação”, disse o comando. “Acreditamos que ele está atualmente sob custódia da RPDC e estamos trabalhando com nossos colegas do Exército do Povo Coreano (KPA) para resolver este incidente”, acrescentou o texto.

Militares dos EUA disseram à redes CBS News que o militar em questão é o soldado raso de 2ª classe Travis King, que cumpriu pena em um centro de detenção na Coreia do Sul e foi libertado há cerca de uma semana. King havia sido escoltado inicialmente por policiais militares até o aeroporto de Inchon, perto de Seul, onde deveria tomar um voo de volta aos EUA e ser desligado do Exército. No entanto, ele não embarcou no avião.

Depois de passar pela segurança do aeroporto, ele de alguma forma voltou e conseguiu se juntar a um grupo que fazia turismo na fronteira antes de cruzar para a Coreia do Norte. King está no Exército desde janeiro de 2021, disse o porta-voz do Exército, Bryce Dubee, à CBS News.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, confirmou que um militar “deliberadamente e sem autorização” cruzou a Linha de Demarcação Militar que separa os dois países durante uma viagem.

“Acreditamos que ele esteja sob custódia da RPDC”, disse Austin, “e por isso estamos monitorando e investigando de perto a situação e trabalhando para notificar os parentes mais próximos do soldado e se engajar para resolver este incidente.”

Por sua vez, uma pessoa chamada Mikaela Jakobson, que diz morar em Estocolmo e está em viagem à Coreia do Sul, contou o que supostamente aconteceu em sua página no Facebook.

 
A mulher afirma que ela e o americano estavam no mesmo grupo de turistas que se deslocou à fronteira. Segundo ela, depois de o grupo visitar uma área de barracões, a mesma na qual se encontraram em 2019 o ex-presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong-un, os membros do grupo ouviram uma gargalhada e viram um homem “correr entre dois dos prédios para o outro lado”.

“Demoramos um pouco para reagir e entender o que tinha acabado de acontecer, e então fomos levados rapidamente de volta ao ônibus militar”, escreveu Jakobson. A área já foi palco de deserções no passado, embora quase sempre envolvessem pessoas tentando entrar na Coreia do Sul.

Em 2017, um soldado norte-coreano executou uma fuga espetacular na qual seus companheiros o atingiram com vários tiros, mas ele sobreviveu. Em 1984, um estudante da ex-União Soviética cruzou para o Sul durante uma visita turística, o que levou a uma trágica troca de tiros entre tropas que terminou com a morte de três soldados norte-coreanos, um sul-coreano e um do Comando das Nações Unidas.

Não se sabe qual será a reação das autoridades norte-coreanas, que ainda mantêm as fronteiras bem fechadas devido à covid-19. Após a eclosão da pandemia, a presença de soldados norte-coreanos no lado norte da zona desmilitarizada passou a ser praticamente invisível, aparentemente por medo de contágio. A própria Jakobson corroborou esse detalhe, escrevendo que “não havia norte-coreanos à vista, nem mesmo os guardas ao longo da famosa linha do outro lado”.

Coreia do Norte dispara míssil

Horas após o incidente, a Coreia do Norte disparou ao menos um míssil balístico em direção ao mar, informou a agência sul-coreana Yonhap nesta quarta-feira (19, tarde de terça em Brasília), horas depois que um submarino americano com ogivas nucleares atracou em um porto sul-coreano.

O lançamento foi reportado pelo Estado-Maior do Exército da Coreia do Sul, segundo a Yonhap, que acrescentou que os militares ainda estavam analisando o tipo de míssil disparado, que caiu no Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão.

Por sua vez, a Guarda Costeira do Japão relatou que um segundo míssil teria sido disparado, segundo a agência Kyodo. O lançamento é o último de uma série de testes armamentistas de Pyongyang, e acontece quando Seul e Washington incrementam sua cooperação em defesa diante do aumento das tensões com a Coreia do Norte.

Na terça-feira, os dois países aliados mantiveram a primeira reunião do Grupo Consultivo Nuclear, em Seul, e anunciaram a chegada de um submarino americano de propulsão nuclear ao porto de Busan pela primeira vez desde 1981. (Com agências internacionais)


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