Em matéria anterior afirmamos que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), errou ao decidir participar, na última semana, de evento da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília. De igual modo, em seu discurso, Barroso errou ao falar em “derrota do bolsonarismo”.
Também em matéria anterior, o UCHO.INFO destacou que os ataques sofridos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci, na capital italiana, explicam a fala de Barroso, mas em hipótese alguma justificam a desnecessária declaração.
Por um triz o Brasil não foi palco de um golpe de Estado no último dia 8 de janeiro, ocasião em que a turba bolsonarista, amante da ditadura, invadiu e depredou as sedes dos três Poderes da República, na capital federal.
Mostra-se cristalina e imperiosa a necessidade de se derrotar o bolsonarismo, movimento radical que reúne iracundos que veneram Jair Bolsonaro, o golpista de plantão que viu seu criminoso projeto autoritário fracassar por falta de apoio dos militares.
Na opinião do UCHO.INFO, os ministros das instâncias superiores do Judiciário, em especial os do STF, abusam da exposição midiática, colocando na berlinda as decisões tomadas. Entendemos que juízes, independentemente da instância, devem se limitar a manifestações nos autos, jamais fora deles.
A fala de Luís Roberto Barroso levou senadores e deputados bolsonaristas a protocolarem no Senado, nesta quarta-feira (19), um pedido de impeachment contra o ministro do STF. A iniciativa dificilmente prosperará, até porque muitos parlamentares são alvo de processos e inquéritos no Supremo, mas serve para criar um clima de instabilidade político-institucional. Além disse, fornece munição a golpistas.
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Os parlamentares bolsonaristas alegam que a fala “fere de morte a democracia” e que não há pedido de perdão que possa livrar Barroso do impedimento. A proposta, segundo os congressistas, tem o apoio de 12 senadores e 70 deputados de 10 partidos: MDB, PP, Republicanos, PL, Novo, União Brasil, PSDB, Podemos, PSD e Patriota.
“Não está entre as atribuições de um ministro do Supremo derrotar ninguém. Se ele quer derrotar alguém, que seja nas urnas, mas que seja candidato”, afirmou o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy (PL-RJ).
“Sabemos que o presidente (do Senado) Rodrigo Pacheco muitas vezes não quer entrar numa crise institucional, mas já está deflagrada essa crise pelo ministro do Barroso”, completou o parlamentar fluminense.
Os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho “01” do ex-presidente, e Jorge Seif (PL-SC) e os deputados Jordy e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) divulgaram o pedido de impeachment à imprensa.
Para Flávio Bolsonaro, as declarações de Barroso “descredibilizam o Supremo Tribunal Federal”. “Se fosse Nunes Marques ou André Mendonça, como é que a esquerda reagiria?”, questionou, citando os ministros da Corte indicados pelo ex-presidente.
Beira a insensatez uma súcia de golpistas afirmar que a declaração de Luís Roberto Barroso “fere de morte a democracia”. Durante quatro anos, os mesmos parlamentares endossaram criminosamente as ameaças de Bolsonaro à democracia, além de apoiarem a tentativa de golpe de Estado e defenderem os que foram presos na esteira dos atos terroristas de 8 de janeiro.
O bolsonarismo, como afirmamos acima, precisa ser derrotado com firmeza de determinação, mas isso só é possível usando a inteligência, jamais colocando o fígado para substituir o cérebro. Jair Bolsonaro vem perdendo relevância política e fazer o jogo dos golpistas e adiar o fim de um projeto totalitarista de poder que tenta sobreviver à sombra de figuras patéticas e desprezíveis.
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