Morre a cantora irlandesa Sinéad O’Connor aos 56 anos

 
A cantora e compositora irlandesa Sinéad Marie Bernadette O’Connor morreu nesta quarta-feira (26), aos 56 anos. “É com enorme tristeza que informamos o falecimento de nossa amada Sinéad. Sua família e amigos estão arrasados e pedem privacidade nesse momento difícil”, diz um comunicado emitido por seus familiares.

O’Connor é mundialmente conhecida pelo hit “Nothing Compares 2 U”, que venceu o prêmio da revista Billboard de Melhor Single Mundial em 1990. Sua versão da música composta pelo cantor Prince frequentou o topo das paradas em vários países, da Europa à Austrália.

Ela era bastante eloquente sobre suas visões políticas e sociais e se envolveu em diversas polêmicas em sua carreira em razão de seu comportamento não conformista e idealista. Ela mantinha a cabeça raspada em desafio à indústria da música e às pressões para que adotasse padrões mais glamorosos de beleza.

Seu primeiro disco, “The Lion and the Cobra”, de 1987, que continha o hit “Mandinka”, foi aclamado pela crítica. No total, ela lançou dez álbuns em sua carreira, variando entre estilos como o pop e o jazz.

Sinéad contou que era cleptomaníaca quando criança e foi presa várias vezes até ser enviada para um centro de tratamento, onde uma freira a encorajou a se envolver com a música. “Devo dizer que a música me salvou”, afirmou a cantora em 2013. “Era a prisão ou a música. Tive sorte.”

Temperamento forte

Um de seus momentos mais polêmicos foi quando rasgou uma fotografia do papa João Paulo 2º em uma apresentação ao vivo no programa “Saturday Night Live”, da emissora americana NBC. “Lute contra o verdadeiro inimigo”, disse na ocasião.

A atitude, que era um protesto contra os casos de pedofilia na Igreja Católica, fez com que fosse banida por muitos anos da televisão americana. Ela, no entanto, disse mais tarde que o episódio não destruiu sua carreira, como muitos diziam, mas a colocou em um caminho no qual pôde se encaixar melhor. “Não queria ser uma estrela pop. Queria ser uma cantora de protesto”, afirmou.

Em 2023 ela foi agraciada com o RTÉ Choice Music Awards, a maior premiação da música irlandesa, a qual dedicou aos refugiados em seu país. “Vocês são muito bem-vindos na Irlanda”, afirmou. “Amo muito vocês e lhes desejo felicidades.”

 
Sinéad, que se casou quatro vezes, tinha uma vida pessoal problemática. Ela falava abertamente sobre seus problemas de saúde mental e contou que havia sido diagnosticada com transtorno bipolar.

No ano passado, seu filho de 17 anos cometeu suicídio, depois de anos de luta contra a depressão. A morte a abalou profundamente e fez com que ela se afastasse da música para se concentrar em sua saúde mental.

Reações

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, disse que a música da cantora “era amada em todo o mundo, seu talento era inigualável e incomparável”.

O diretor-executivo da Anistia Internacional na Irlanda, Colm O’Gorman, lamentou a morte e disse que poucos artistas tiveram tamanho impacto social e cultural.

Conor McGregor, lutador irlandês de UFC, disse que “o mundo perdeu uma artista com uma voz de anjo. A Irlanda perdeu uma voz icônica e uma de nossas melhores, de longe. E eu perdi uma amiga”.

“Descanse em paz, Sinéad O’Connor. Eu amei trabalhar com você tirando fotos, fazer shows juntos na Irlanda e conversar. Todo o meu amor a sua família.”, escreveu o cantor Bryan Adams.

Vencedora do Oscar, a atriz Jamie Lee Curtis lembrou sua amizade com Sinéad. “Eu a amei. Sua música. Sua vida. Ela foi vítima de abuso infantil e uma enorme agente contra leis draconianas injustas que ela ajudou a mudar na Irlanda. Ela foi uma guerreira. Ela foi uma rebelde. Ela rasgou uma foto que estava na parede de sua mãe por causa da hipocrisia da vida abusiva sob a qual foi criada sob a bandeira da Igreja. Isso é tão triste. Assista ao documentário ‘Nothing compares’. Brilhante. De partir o coração. Descanse bem. Descanse em poder. Descanse em paz.” (Com agências internacionais)

 

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