Anderson Torres mentiu sem cerimônia na CPI dos Atos Golpistas e corre o risco de ser preso de novo

 
Em depoimento à CPI dos Atos Golpistas, na terça-feira (8), Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, mentiu de forma acintosa, escorando-se em respostas previamente produzidas e decoradas.

Alguns veículos da grande imprensa noticiaram que a base governista deixou a sessão da CPI desanimada por causa do bom desempenho de Torres, que tinha garantido o direito de permanecer em silêncio diante de perguntas que eventualmente pudessem incriminá-lo. A autorização foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que tem sob sua relatoria o inquérito dos atos golpistas.

Somente jornalistas não familiarizados com CPIs são capazes de enxergar no depoimento de Anderson Torres um bom desempenho, noticiando o desânimo dos governistas. Se o ex-ministro da Justiça voltou para casa, levando a reboque a tornozeleira eletrônica que o acompanha, acreditando que protagonizou um espetáculo na CPI, o UCHO.INFO sugere que ele se prepare para o pior.

Um secretário de Segurança com menos de uma semana no cargo e ciente das ameaças à democracia que antecipa férias, coincidentemente no mesmo destino para o qual fugiu Jair Bolsonaro, deveria no mínimo continuar preso.

Como todo bolsonarista, que se acovarda em situações de dificuldade, Anderson Torres afirmou que guardou a minuta em sua casa por “mero descuido”. Ele alegou que tinha o hábito de levar documentos do Ministério da Justiça para ler em sua residência em razão da sobrecarga de trabalho. De acordo com Torres, os documentos considerados relevantes eram devolvidos à pasta, ao passo que informações sem importância eram descartadas, o que não aconteceu com o “rascunho do golpe”.

 
Matéria relacionada
. Prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, confirma plano golpista de Bolsonaro

Pressionado pelos integrantes da CPI, o ex-ministro disse que bastava “uma breve leitura (da minuta) para que se perceba ser imprestável para qualquer fim, uma verdadeira aberração jurídica”.

A desfaçatez de Torres foi além. Ele afirmou que em momento algum pensou em encaminhar ou mostrar o documento para outras pessoas. Apesar de lembrar de tantos detalhes, ao ser indagado pelos parlamentares sobre a autoria do texto, declarou não se recordar quem lhe entregou o material.

A minuta era juridicamente imprestável, foi encontrada pela Polícia Federal em uma estante na casa de Torres, que alegou descuido por não ter descartado o documento. Apesar do enredo novelesco, o ex-ministro quer que o Brasil acredite nessa monumental farsa.

O comportamento de Torres não surpreende, pois Jair Bolsonaro age da mesma maneira. Após Walter Delgatti Neto ser preso e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ser alvo de busca e apreensão, o ex-presidente disse que pode ter se encontrado com o hacker, mas que não o conhece. Em suma, covardia explícita.

A liminar concedida pelo ministro Alexandre de Moraes garantia a Torres permanecer em silêncio, mas quando decidiu responder às perguntas dos parlamentares, mentir em depoimento é motivo para prisão em flagrante. Isso só não aconteceu porque os integrantes da CPI foram tomados por frouxidão.

Não causará surpresa se em breve for decretada a prisão de Anderson Torres, cuja situação piorou sobremaneira depois da operação da PF que mirou em Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), preso na manhã desta quarta-feira (9).


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.