Heleno cantarolou “se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”, mas no caso das joias está calado

 
Diante do criminoso caso das joias doadas ao governo brasileiro e vendidas ilegalmente no exterior por prepostos de Jair Bolsonaro, muitas pessoas próximas ao ex-presidente simplesmente submergiram. Esse comportamento pode ser explicado por situações distintas: tais pessoas sabem demais sobre o imbróglio e preferem não opinar, participaram da epopeia de forma indireta ou foram coniventes com o ilícito.

Um dos que adotaram o silêncio obsequioso é o general da reserva Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) e golpista de plantão na era Bolsonaro. Na convenção partidária de julho de 2018, que confirmou a candidatura de Bolsonaro, o general golpista cantarolou “se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”.

A cantoria torpe, filmada e postada nas redes sociais, era uma paródia que substituiu a palavra “ladrão”, que que consta na letra original de “Reunião de Bacanas”, música composta por Ary do Cavaco e Bebeto Di São João, pelo neologismo “centrão”, que nomina o que há de pior e mais nocivo na política brasileira.

“Querem reunir todos aqueles que precisam escapar das barras da lei num só núcleo. Daí criou-se o centrão. O centrão é a materialização da impunidade”, afirmou Heleno à época.

Com o escândalo das joias vendidas ilegalmente nos Estados Unidos, Augusto Heleno simplesmente permanece calado e recolhido. Resta saber qual música, mesmo que em forma de paródia, ele cantaria para os quadrilheiros palacianos que surrupiaram bens de propriedade da União.

 
Em outro vértice do polígono da desfaçatez, mais precisamente no seio do clã liderado pelo ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – que defendeu o fechamento do STF com um cabo e um soldado –, também evita comentar o caso envolvendo o pai, a madrasta e os recrutas punguistas.

Em 1º de fevereiro passado, durante cerimônia de posse dos deputados eleitos em 2022, Eduardo Bolsonaro, o “Dudu Bananinha”, compareceu ao plenário da Câmara dos Deputados ostentando na parte de trás do paletó um cartazete com a inscrição “fora ladrão”, em referência ao presidente Luiz Inácio da Silva, que derrotou seu pai nas urnas. Outros sabujos do golpismo também exibiram o mesmo material, como se o desastrado governo Bolsonaro não tivesse entrado para a história pela porta dos fundos.

De igual modo, resta saber qual inscrição Eduardo Bolsonaro, o “fritador de hambúrguer” no estado americano do Maine, usará na próxima vez que visitar o pai, que, apesar de ter liderado o desvio de bens públicos, alega inocência e tenta e fazer de vítima.

Como sempre afirmamos desde a primeira edição do UCHO.INFO, a coerência não encontra o mais ínfimo espaço no terreno da política brasileira, onde proliferam o desmando e o banditismo desenfreado, que se escondem debaixo de mandatos.


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