Escândalo das joias: PF quebra senhas de celulares de Wassef e deixa família Bolsonaro apreensiva

 
Advogado da família Bolsonaro e responsável por esconder Fabrício Queiroz, o operador das “rachadinhas”, em imóvel de sua propriedade, Frederick Wassef está em situação de dificuldade. Desta vez o problema é seu envolvimento no escândalo das joias presenteadas ao governo brasileiro por autoridades estrangeiras e vendidas no exterior, a mando de Jair Bolsonaro.

Quando o imbróglio ganhou contornos mais expressivos, Wassef disse que jamais viu o relógio Rolex cravejado de brilhantes vendido ilegalmente nos Estados Unidos. “Nada. Nunca vi esse relógio. Nunca vi joia nenhuma. Nunca na minha vida. Desafio a provarem isso. Falo e garanto” disse.

Depois que um recibo de recompra do relógio emitido em seu nome foi divulgado, o advogado mudou o discurso e afirmou que recomprou o objeto com dinheiro próprio para devolver ao Tribunal de Contas da União (TCU).

A declaração de Wassef não convenceu, por isso a Polícia Federal avançou com as investigações e apreendeu, na última semana, quatro telefones celulares do advogado. O defensor dos Bolsonaro foi abordado discretamente pela PF em concorrida churrascaria da capital paulista, durante o jantar, tendo deixado o restaurante pela porta dos fundos.

No momento em que a PF apreendeu o quarto celular, Frederick Wassef tentou resistir, mas não teve alternativa. Entregou o aparelho aos policiais, certo de que uma devassa nos dados armazenados poderia piorar ainda mais sua situação, assim como a de Bolsonaro.

 
O último celular apreendido pela PF era usado por Wassef exclusivamente para conversar com Jair Bolsonaro. O advogado não forneceu as senhas dos aparelhos, mas os investigadores já conseguiram acessar os dados dos quatro celulares.

Com provas suficientes para incriminar Mauro César Barbosa Cid, a Polícia Federal tem dado pouca importância a uma eventual confissão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Isso porque o tenente-coronel do Exército, preso desde o início de maio passado, tentará livrar de responsabilidade o pai, general a reserva Mauro Lourena Cid, envolvido na epopeia das joias, e o próprio Bolsonaro.

A PF aposta nos dados contidos nos celulares de Frederick Wassef para obter provas que sirvam para respaldar um pedido de prisão de Bolsonaro, que desde a fermentação do escândalo passou a atuar nos bastidores para atrapalhar as investigações. Outra frente para a obtenção de provas é a quebra de sigilos bancários dos envolvidos no esquema criminoso.

Caso os dados dos celulares e dos sigilos bancários confirmem a participação direta de Bolsonaro na venda e recompra e venda das joias, caberá à Procuradoria-Geral da República (STF) e ao STF decidir o momento adequado para a decretação da prisão do ex-presidente.

O STF avalia que quanto mais dados contra Bolsonaro surgirem com o avanço das investigações, menor será o número de grandes manifestações a favor do ex-chefe do Executivo. Essas manifestações, que devem ocorrer, ficarão por conta da ala mais radical do bolsonarismo. Enquanto isso, o passaporte de Bolsonaro precisa ser apreendido para evitar fuga.

Além disso, o STF deverá avaliar a questão política antes de decretar a prisão de Bolsonaro, que, dependendo dos fatos, poderá ser transformado em mártir. Alguns veículos de imprensa, que se dedicam à defesa do golpismo, há muito tentam transformar o ex-presidente em mártir.


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