Prisão preventiva de Bolsonaro já é possível, mas PF prefere deixar o ex-presidente “sangrando”

 
Em matéria anterior, o UCHO.INFO afirmou que os desdobramentos do escândalo das joias eram suficientes para a decretação da prisão preventiva de Jair Bolsonaro, que de forma inequívoca age nos bastidores para dificultar as investigações da Polícia Federal sobre o caso.

A repentina mudança no discurso do criminalista Cezar Bitencourt, que defende Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, prova que ilegalidades têm ocorrido nos subterrâneos do escândalo.

A PF prefere deixar Bolsonaro “sangrando politicamente” ante de enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de prisão do ex-chefe do Executivo. Diante desse cenário, é prudente requerer a apreensão do passaporte de Bolsonaro, pois a possibilidade de fuga é concreta.

Por outro lado, apesar de a defesa de Mauro Cid ter afirmado que o tenente-coronel do Exército assumirá a culpa pelo caso das joias presenteadas ao governo brasileiro e vendidas ilegalmente no exterior, com o intuito de livrar o próprio pai, general da reserva Mauro César Lourena Cid, e o ex-presidente da República, o avanço das investigações derruba a estratégia marcada pelo desespero. As provas reunidas até o momento pelos investigadores são suficientes para tornar ineficaz eventual confissão de Mauro Cid à Justiça.

 
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Questionado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” sobre a radical mudança no discurso, o advogado respondeu “posso dizer o que quiser”. “Eu vou dar 20 ou 30 versões, posso dizer o que quiser. A versão da defesa, efetivamente, vai vir nos autos. Não é questão de mudar. Imagine se eu tivesse que ficar preso com uma informação que eu dei? A defesa técnica eu faço no processo. Eu falo sobre fatos para jornalistas, não vou falar sobre defesa técnica”.

A resposta de Bitencourt não convence, principalmente depois que o próprio advogado revelou ter conversado durante a madrugada da última sexta-feira (18) com o advogado Paulo Cunha Bueno, que afirmou ser responsável pela defesa de Bolsonaro.

Em declaração anterior ao diálogo com Cunha Bueno, o advogado de Mauro Cid disse à revista Veja que seu cliente responsabilizaria o ex-presidente da República como mandante do esquema criminoso. “Resolve lá”, era a ordem dada pelo então presidente ao seu outrora ajudante de ordens, o que incluía a venda e o repasse do dinheiro ilegal para Bolsonaro, de acordo com Bitencourt.

A versão de um crime não muda radicalmente da noite para o dia sem que haja algum tipo de pressão ou acordo nos bastidores. Esse quadro por si só é suficiente para pedir a prisão preventiva de Bolsonaro por obstrução de justiça. No momento em que Mauro Cid perceber o resultado de sua fidelidade ao ex-chefe, talvez o discurso original volte à cena.


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