Mauro Cid responsabilizará Bolsonaro por esquema criminoso de venda de joias do patrimônio da União

 
Quando o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid foi preso pela Polícia Federal, em maio de 2023, por falsificar comprovantes de vacinação contra Covid-19, o UCHO.INFO afirmou que em algum momento o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro falaria a verdade. Isso porque o militar, influenciado por seu pai, general da reserva Mauro Lourena Cid, não aceitaria ser abandonado.

À época, ainda era desconhecido o escândalo das joias pertencentes ao patrimônio da União vendidas ilegalmente no exterior. Ao analisar o telefone celular de Cid apreendido durante a Operação Venire, a PF encontrou informações sobre um plano golpista comandado por Bolsonaro e dados sobre a venda das joias presenteadas ao governo brasileiro por autoridades estrangeiras.

Novo defensor de Mauro Cid, o criminalista Cezar Bitencourt disse, na quarta-feira (16) que seu cliente, respeitando a obediência hierárquica que impera no meio militar, apenas cumpriu ordens de um superior, no caso Bolsonaro, na ocasião comandante em chefe das Forças Armadas. O advogado pode recorrer a qualquer alegação para defender o cliente, o que é natural, mas Cid cometeu crime, mesmo que a mando de terceiros, em cargo civil, ou seja, não cabe no caso em pauta a obediência hierárquica.

Nesta quinta-feira (17), diante dos desdobramentos explosivos do caso das joias, Cezar Bitencourt deu nova roupagem ao discurso e afirmou que Cid confessará ter vendido as joias recebidas pelo ex-presidente em agendas oficiais, transferiu o dinheiro para o Brasil e entregou os valores em espécie para Bolsonaro.

 
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O tenente-coronel justificará em sua esperada confissão que cumpria ordens diretas de Bolsonaro e deve apontá-lo como mandante do esquema criminoso. “Resolve lá”, era a ordem dada pelo então presidente ao seu outrora ajudante de ordens, o que incluía a venda e o repasse do dinheiro ilegal para Bolsonaro, de acordo com o advogado.

“A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro”, disse Bitencourt à revista Veja. “Mas o dinheiro era do Bolsonaro”, acrescentou. A matéria da Veja, que já está disponível na internet, é assinada pelas jornalistas Marcela Mattos e Laryssa Borges.

Por enquanto, com base nas declarações do criminalista, Mauro Cid se limitará a responsabilizar o antigo chefe pelos ilícitos. Com o avanço das investigações e a decorrente ação penal, o militar poderá optar pela colaboração premiada, que, se confirmada, será a derradeira pá de cal na sepultura do golpista.


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